Já faz um bom tempo que um novo movimento cinematográfico está sendo moldado dentro do cinema comercial hollywoodiano. E apesar de não existir uma fórmula concreta, ou ser um movimento propriamente dito, essa linhagem de filmes bilaterais – (quase sempre) genéricos – faz uso da previsibilidade e da notável camada comercial, tipicamente publicitária, para criar um cinema autoral de consistência, que tem base na modulação da imagem quanto ao imaginativo do espectador, e à cerca do julgamento moral dos personagens. O cinema de Steven Soderbergh é talvez a maior referência para esse subgênero, e é a mais clara influência para a proposta de Brad Furman em “Aposta Máxima”.
No filme em questão, o protagonista (vivido por um competente Justin Timberlake) é um estudante de Marketing em Princeton e aspirante a business man que, depois de ser trapaceado em um site de apostas (no caso, num jogo de poker), resolve partir para a Costa Rica e confrontar o dono do site, o corrupto Ivan Block (Ben Affleck, genial), sobre a injustiça sofrida. Os planos do jovem Richie Furst mudam quando Ivan Block o oferece, como agradecimento, uma vida regada a festas e milhares de dólares. Semelhante em sua estrutura com os filmes da trilogia ‘Onze Homens’, o longa de Brad Furman opta em explorar a previsibilidade nata da trama numa filmagem que delineia os detalhes ocultos dos personagens, posteriormente desvendados em seu clímax, que entregam uma faceta moral, e por conseqüência, politizada dos mesmos, deixando escapar, até mesmo, certa ingenuidade advinda do próprio diretor, que torna a realidade subjetiva da ficção num mecanismo de (des) construção do suporte industrial de seu filme. Tão fascinante quanto imperfeito, a maneira como Furman une os elementos básicos da narrativa a esse cinema pintura de “Aposta Máxima”, que alias já havia sido experimentado nos longas anteriores do diretor (o desconhecido “Em Busca da Justiça” e o ótimo “O Poder e a Lei” – esse que colocou Matthew McConaughey de volta ao estrelato), são a prova de que há, em toda a deficiência dos filmes comerciais, uma vontade fomentada pela própria indústria em moldurar o texto em imagens que denunciam não só os anseios do realizador, mas também do próprio cinema quanto sua evolução gradual.
Ainda se descobrindo quanto realizador e sabendo de sua imaturidade embrionária, Brad Furman, contempla em seu cinema a sede pelo status dos grandes nomes contemporâneos, o já citado Steven Soderbergh e, o seu maior ídolo, Spike Lee, que se por hora são as verdades absolutas para a criação de seus filmes, não deixam interferir o berço honesto do jovem diretor na exploração imagética de uma desenvoltura própria quanto realizador.
Mais informações sobre o filme:
Site | “Aposta Máxima“
Facebook | “Aposta Máxima“
01 | Crítica “Aposta Máxima” por Thiago Cardoso
02 | Crítica “Aposta Máxima“ por Gabriel Lisboa
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