Apesar da pouca quantidade, a qualidade dos filmes do diretor Alexander Payne faz dele um dos diretores mais desejados pelos atores de Hollywood e daqueles que a crítica costuma ficar de olho em cada novidade. Seus trabalhos mais reconhecidos são “Eleição” e “Os Descendentes“, sendo este último o longa protagonizado por George Clooney que concorreu ao Oscar em 2012 e ainda decolou a carreira a querida do momento Sheilene Woodley. Em sua nova produção, “Nebraska“, Payne não é o responsável pelo roteiro, como de costume, mas encabeça nada menos do que seis indicações ao Oscar deste ano, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.
Ao receber uma propaganda pelo correio que anuncia um prêmio de um milhão de dólares, o senil Woody (Bruce Dern) resolve seguir viagem até o Estado de Nebraska para buscar sua aclamada fortuna. Apesar de seu filho David (Will Forte) tentar convencê-lo da falsidade da carta, que não passava de uma jogada de marketing, Woody tem dificuldade em assimilar a informação aos fatos acreditados por ele. O lento processo de ligação sobre o que está acontecendo à sua volta, na verdade, se tornou uma constante em sua vida, fato que há anos desafia a paciência de toda sua família, que inclui ainda sua esposa Kate (June Squibb) e seu filho mais velho Ross (Bob Odenkirk). Com a teimosia e obstinação de Woody, não resta a David, único que ainda tenta compreender o pai, outra opção que não acompanhá-lo nesta viagem.
A jornada inesperada leva, então, pai e filho a uma forçada reaproximação que ao longo da trama os faz conhecer um pouco mais sobre o outro, em especial quando fazem uma parada na cidade natal de Woody e de sua esposa, envolvendo situações familiares um tanto peculiares e reveladoras. Apesar desse desenvolvimento de personagens parecer um tanto óbvio e até sem graça, a direção de Payne faz do filme o mais original que possa ser.
O arco de desenvolvimento de cada um se torna menos importante se comparado a maneira como essas duas pessoas comuns são colocadas na tela. A grandiosidade de “Nebraska” não está em seus acontecimento, mas sim no retrato sincero de uma família qualquer. Delicadeza bem transportada também graças às interpretações simplistas e magníficas de Bruce Dern e Will Forte. Enquanto o primeiro solidifica seu nome entre os maiores, o segundo surpreende ao pular da comédia escrachada do programa de televisão Saturday Night Live para um papel mais complexo e detalhista como o de David.
O roteiro escrito por Bob Nelson (também concorrente ao Oscar) explora o interior destas personagens e as expõe sem truques ou disfarces, não precisando recorrer a pontos de virada exagerados, pontuações especificas e nem mesmo uma mudança de caráter significativa em seu protagonista. Basta a jornada, que da primeira à última cena provoca o interesse do espectador por ser realizada através de locações expansivas e de uma fantástica trilha sonora e por tratar, principalmente, de pessoas tão relacionáveis, em momentos e situações que as levam a reações corriqueiras, realizadas de maneira deliciosamente sutil e verdadeira.
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