Desde seu lançamento, parece que o único saldo positivo de “A Entrevista” foi ter sido o ingrediente para todo o roteiro (bem aquém do prometido, por sinal) do último Globo de Ouro apresentado por Tina Fey e Amy Poehler -para além de toda a discussão sobre liberdade de expressão potencializada pelos atentados na França. Porém, desde os primeiros releases sobre a produção, eu não imaginava “A Entrevista” como um filme que desejasse trazer esse debate à tona, mesmo sabendo que toda a concepção das ideias de Seth Rogen e Evan Goldberg tivessem essa consciência latente.
É por pensar o filme como uma válvula de escape mais bem centrada que “É o Fim” que esse se torne um objeto bem mais interessante após uma primeira impressão. São excessos e mais excessos, camadas sob camadas de caricaturas (o personagem do James Franco é intencionalmente irritante) pra inserção de gags (aliás, geniais!) e escatologias “ofensivas”, num anacronismo bastante simbólico que Seth Rogen condensa a brincadeira de ter dois países com facetas igualmente conservadoras e contraditórias pra dar sua visão quase infantil (e a subtrama romântica é um fator importante pra essa ideia), onde qualquer associação de patriotismo exacerbado é completamente subvertida num jogo de percepções.
Rogen, aliás, nunca esteve tão consciente das possibilidades de uma comédia de valor político como aqui, e é por tamanha coragem em usar cada recurso visual e narrativo, da persona imponente de Kim Jong-un ao sensacionalismo completamente sociável da mídia, que “A Entrevista” seja um baita exercício autoral -por excelência- como os melhores filmes do Will Ferrell.
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