RoboCop”, o mais novo filme de José Padilha (“Tropa de Elite”) estreia esta sexta-feira, 21 de fevereiro, com distribuição da Columbia Pictures. Remake do original de 1987 dirigido por Paul Verhoeven, a versão de Padilha traz algumas novidades, não só através de uma montagem mais acelerada, mas também juntando elementos dos outros dois filmes, “RoboCop 2” e “RoboCop 3”. Focarei o texto na inevitável comparação entre o filme novo e a trilogia original.

O foco da história não é só a privatização da segurança nacional, mas também, e principalmente, questões éticas e morais com relação a pesquisas científicas e desenvolvimento da medicina, além de claro a constante relação homem-máquina. A corporação OCP possui planos para que toda a força policial seja substituída por máquinas, ou robôs, que não serão corruptíveis e irão realizar sua função sem fadiga, sem custos de auxilio à família ou à saúde e muito menos questionar ordens de seus superiores. Como essas máquinas estão proibidas de circularem em ruas públicas, a multinacional encontra nosso herói Alex Murphy, um oficial na polícia que, após um atentado em sua casa, sofreu graves queimaduras e corre risco de vida. Com a autorização da família, Murphy é submetido a uma série de cirurgias pra transformá-lo em uma espécie de ciborgue, com cérebro, pulmão e coração humanos, e o resto do corpo máquinas e engrenagens (enquanto no original o policial só é submetido a tais procedimentos após seu falecimento e somente seu cérebro é reutilizado).

Falando especificamente do roteiro, o novo “RoboCop” reúne as questões mais importantes da trilogia original, ignorando histórias paralelas chatas e irrelevantes para o enredo principal, tornando os elementos dos filmes 2 e 3 muito mais interessantes, mas tirando muito do potencial do primeiro. Além de o foco narrativo ser outro, no filme de 2014 a esposa e o filho de Alex possuem grande influência na história, sendo eles o principal motivo da falha da OCP em seus planos, na versão de 1987 a família mal é mencionada e nem sequer chega a aparecer fora das lembranças do policial morto. No filme de 2014 também encontramos vestígios do envolvimento de policiais com os crimes investigados pelo RoboCop, fato que no original só encontramos no segundo filme, de 1990, e o início da construção de Delta City, onde os seguranças privados da OCP despejam os moradores de Detroit para a construção de novos prédios, fato que só é efetivado no terceiro filme, em 1993.

Fora as questões de enredo, o filme de José Padilha traz outras peculiaridades, como um ritmo mais acelerado e mais envolvente, trilha sonora mais presente e efeitos visuais intensificados. Mas o que mais chamou a atenção de todas as mudanças foi a subestimação do espectador quando optaram por esclarecer toda e qualquer dúvida que nós poderíamos vir a ter durante o filme através das falas dos personagens, criando muitas vezes uma sensação de redundância ao invés do suspense e emoção encontrados no original, quando muitos pontos só eram esclarecidos se você prestasse atenção a cada pequeno detalhe em cena. As questões políticas, como a elitização da segurança e o quase genocídio a mando de corporações multimilionárias, estão ali, mas são deixadas de lado para dar espaço a questões mais sentimentais e dramáticas. A família que perdeu o pai, o homem que serviu a seu país até quase a morte e depois disso foi traído por sua pátria são as questões que ganharam destaque nesta produção.

 

 

Fazendo um balanço geral, a obra atual é um filme com uma proposta diferente da original, porém não menos interessante. É um ótimo filme para a família se distrair em um fim de semana, principalmente se já conheciam a história do tal policial robô.

 

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