Não apenas mais um sucesso de crítica e público, “As Bem Armadas”, novo longa do diretor do aclamado “Missão Madrinha de Casamento”, Paul Feig, volta às raízes dos filmes policiais para desmistificar a figura feminina usual, transcendendo o estereótipo social e celebrando o melhor do entretenimento pipoca.
Curiosamente intitulado “The Untitled Female Buddy Cop Comedy” (algo como “Comédia de Amigas Policiais Sem Título”), durante a pré produção, “As Bem Armadas”, que é o primeiro longa escrito pela roteirista Katie Dippold, encontrou, após muitos conflitos executivos, um final feliz quando Sandra Bullock, Melissa McCarthy e Paul Feig assinaram contrato com a produção. “The Heat”, no idioma original, – referência ao clássico policial de Michael Mann, “Heat” – apesar das inevitáveis comparações com o sucesso de “Missão Madrinha de Casamento”, aposta numa tentativa cômica diferente da dramédia auto referencial de Kristin Wiig. Através das personificações recicladas e hilariantes de Sandra Bullock e Melissa McCarthy, o filme de Feig encontra na previsibilidade da típica história de parceiros policiais, que a princípio se odeiam, mas precisam trabalhar juntos num caso, e no fim das contas se tornam inseparáveis, uma forma de inserir a mulher moderna e independente, fazendo tudo àquilo que os homens, principalmente se tratando do trabalho “sujo” desse ramo, fizeram como um trabalho exclusivamente masculino. Inserindo uma boa dose de ação e uns diálogos estilizados, a química entre Bullock e McCarthy faz o trabalho de reverenciar o gênero e tirar um sarro dele ao mesmo tempo com classe e muita esperteza.
Além de servir como uma aposta para a própria indústria de Hollywood – que já até encomendou uma seqüência para o filme devido ao sucesso absurdo em bilheteria -, “As Bem Armadas”, vem com a responsabilidade de dizer ou não se o sucesso de Feig com as comédias é devido ao seu talento observatório ou apenas aos bons textos em que ele consegue botar suas mãos. E fica bastante claro que o mérito é próprio de Feig, afinal, poucos realizadores conseguem unir uma boa história, um elenco competente e timing perfeito para humor como ele faz em seus filmes. Abençoado pelo gênio do humor, Judd Apatow, o diretor conseguiu criar uma identidade própria no gênero e trazer junto aos seus filmes um debate honesto e pertinente sobre o papel da mulher em filmes tipicamente masculinizados.
Pecando hora e outra pela reciclagem de elementos fílmicos e cômicos, “As Bem Armadas” pode não ter o aspecto versátil do texto de Kristin Wiig em “Missão Madrinha de Casamento”, mas é conduzido brilhantemente pela química e história das protagonistas e a combinação de duas gerações de humor (negro) que dão o charme e a classe que consiste esse novo estudo sociológico realizado por Paul Feig.
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