Depois de ler diversas entrevistas, notas de produção, histórias de como surgira a ideia para “O Cavaleiro Solitário” e, obviamente, assistí-lo no cinema, cheguei a conclusão de que o novo longa de Gore Verbinski não se trata (exclusivamente) de mais um blockbuster hollywoodiano com Johnny Depp fazendo uma oscilação daquilo que só ele sabe fazer e que agrada um determinado público alvo.
Vasculhando alguma coisa que me chamasse a atenção mais do que a sofrível tentativa de Verbinski em criar um faroeste pastelão, descobri uma versão do diretor que soa bem mais inteligente e, até mesmo, bonita, do que toda aquela grandiosidade das produções que costuma comandar. E, de certa forma, assemelha-se muito com a ideia subentendida de “O Cavaleiro Solitário” e da escolha interessante de Armie Hammer para o papel protagonista.
Em suas entrevistas, Armie, mostrou-se tão entusiasmado com a produção do filme, que soava como um alter ego infantil do próprio Verbinski, diante da magia que um faroeste pode oferecer, da ideia de referenciar Sergio Leone ou John Ford – “(…) Quando Capitão Fuller (Barry Pepper) seguiu com a cavalaria no Moab e ele sacudiu a poeira e vimos todos aqueles trajes azuis com a linda montanha logo atrás, uma cena que já vi em centenas de filmes de John Ford, eu senti como se estivesse revivendo algo. Você se sente numa terra sagrada. (…)” – contou o diretor em uma entrevista -, do idealismo patriótico americano, transportar a cultura dos índios e daquele universo perdido no tempo para as telas… Talvez o filme teria dado certo se seguisse essa linha de pensamento. De cinema homenagem, como a sua premissa aparenta entender.
Justamente por querer encontrar essa humildade no longa de Verbinski, fiz questão de tentar entender as motivações que levaram Johnny Depp dizer em uma de suas entrevistas que seu personagem “é uma pequena contribuição para tentar corrigir o que foi feito de errado no passado (…)”, sobre a ideia de ter a história do Cavaleiro contada do ponto de vista de Tonto, num referencial ao Sancho Pança, quase como se ele estivesse moldando um astro como Jesse James, e também usando a si mesmo, alguém mais do que um mero companheiro de jornada. E seria a partir desse ponto que a historia iria se desenvolver, na relação (dis)funcional de dois personagens que se perderam em seu próprio tempo e espaço. Porém, tratando-se de um objeto de lucro hollywoodiano, Depp e seu companheiro assumem o kitsch que lhes é concebido para (re)criar o deslumbre de um faroeste espetáculo com ação para todos os lados e inúmeros clichês esculpidos com toneladas de ambientes cenográficos plausivelmente construídos para dar o tom realista do ambiente e a sensação de entretenimento do cinema aventura.
Não foi muito difícil encontrar o motivo o qual levou o filme ao fracasso, já que muitos diretores confundem gostar de faroeste com querer – e conseguir – fazer um. Principalmente, com o idealismo do cinema digital e em 3D, onde o espetáculo visual (quase) sempre sucumbe o que os personagens, tão distintos e reais, tem a nos contar. E “Cavaleiro Solitário” peca exatamente ao deixar que essas noções (empreendedoras) sobreponham o que inicialmente o filme tinha como objetivo, que, como os próprios Depp, Hammer e Verbinski tanto ressaltaram, se tratava de um filme que contextualiza uma época muito dura para aquele determinado povo e sobre a necessidade dessa troca de identidade entre culturas.
Uma pena, aliás, Gore não ter tido autoria suficiente para dar vida a um faroeste, mas Cavaleiro, assim como diversos longas atuais que se aventuram no gênero, só reafirmam o que o próprio Verbinski pensa a respeito: “É uma arte perdida. Quando faziam centenas de faroestes, havia um acesso tremendo aos dublês que sabiam como cair dos cavalos e fazer todas aquelas coisas. Os caras hoje precisam reaprender essa arte perdida. Se tem uma cena que você já viu em centenas de outros filmes onde alguém precisa saltar de um cavalo para um trem, você apenas aceita isso como característica do gênero e precisa fazer. Mas quando você parte de fato para fazer isso, na verdade é algo realmente muito perigoso. Não só perigoso, mas muito difícil de conseguir também, então você passa a respeitar o que esses grandes cineastas de faroestes muitas vezes tiveram que passar.”
Notícias:
[EM BREVE] – Pôsters Nacionais de “O Cavaleiro Solitário“
[NOTÍCIAS] – Cartaz e Trailer de “O Cavaleiro Solitário“
[EM BREVE] – Vídeos de “O Cavaleiro Solitário“
[ESPECIAL] – Entrevista com Armie Hammer
[ESPECIAL] – Entrevista com Johnny Depp
[ESPECIAL] – Entrevista com Gore Verbinski
Crítica:
[CRÍTICA] – “O Cavaleiro Solitário“ por Isabele Orengo
[CRÍTICA #02] – “O Cavaleiro Solitário“ por Maiara Tissi
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