Daê, galera, belezinha?
Hoje venho trazer para vocês “As aventuras de Pi”, que está chegando nas locadoras esta semana.
A história original – inspirada em um livro escrito pelo brasileiro Moacyr Scliar, “Max e os Felinos“ – gira em torno de Piscine Molitor “Pi” Patel, um rapaz nascido e criado na Índia que acaba sendo obrigado a se mudar para o Canadá junto de sua família e os animais do zoológico que administram. No entanto, durante a travessia pelo Pacífico, o cargueiro japonês em que viajam é atingido por uma tempestade que faz com que a embarcação naufrague. Nisso ele se vê em bote salva-vidas com companheiros improváveis: uma hiena, uma zebra, um orangotango e Richard Parker, um tigre de bengala.
No elenco estão Suraj Sharma (Pi Patel), Irrfan Khan (Pi Patel adulto), Ayush Tandon (Pi Patel – 11/12 Anos), Gautam Belur (Pi Patel – 5 Anos), Rafe Spall (Escritor) e Gérard Depardieu (Cozinheiro). O roteiro foi adaptado por David Magee (“Em Busca da Terra do Nunca“), a trilha sonora foi composta por Mychael Danna (“500 Dias com Ela“) e a fotografia é de Claudio Miranda (“O Curioso Caso de Benjamin Button“).
Mesmo com um 3D impressionante, efeitos visuais esplendorosos e a fé sempre constante em toda a duração do longa, o filme é sobre um bote, um menino e um tigre, mas mais ainda sobre a solidão. Sim, a solidão, pois durante toda a duração da película percebemos que toda a luta de Pi para arranjar um jeito de coexistir com o tigre, mesmo depois de desperdiçar diversas oportunidades de simplesmente se livrar do animal, nada mais é que uma desesperada tentativa de não perder sua companhia e, por que não, seu amigo.
Richard Parker, o tigre com nome de gente, existe no filme não como uma situação para copiar aquela coisa “homem vs natureza”, ou sobre o poder da fé e a crença em Deus, mas sim como um alívio para a solidão de Pi. Chega um instante que para Pi a pior ameaça não é uma leva de tubarões, o sol escaldante, o mar infinito, ou mesmo ser devorado por Richard Parker, mas sim o medo de perder sua única companhia, ou mesmo sua lucidez, já que a solidão aliada a imensidão do mar é uma coisa poderosa.
Tanto que Pi luta para Richard Parker não morrer e o próprio tigre acaba assumindo um poder de captar a atenção do espectador do começo ao fim, seja pela cumplicidade que os dois adquirem, seja pela beleza visual que ela gera ou mesmo por despertar em nós que estamos assistindo o sentimento de estar sempre alerta, sentimento esse, que mantém o indiano vivo e sem vontade de desistir. Desistir implicaria em deixar Richard Parker morrer também, assim como simplesmente arranjar uma maneira de matar a fera seria uma forma de suicídio para Pi. E perder Richard Parker seria devastador para a história em si, para o próprio Pi e principalmente para nós, que perderíamos a chance de debruçamos sobre nossos próprios mares, animais, ilhas, tempestades, sofrimentos e também, e porque não? A beleza da vida.
PS: Sendo o filme rodado praticamente todo em estúdio, os animais no bote são frutos totalmente dos efeitos visuais, por isso, vale o aluguel a mais do 3D por sua profundidade (sim gente, profundidade) e realce dos detalhes. Mas mesmo sem ele, vale ser assistido tanto pela história quanto pela qualidade técnica.
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