Fala, galerê. Estou de volta com mais uma coluna aqui no CineOrna.

Hoje vou falar sobre o filme “A Hora Mais Escura“, de Kathyn Bigelow. Mais de uma década já se passou, mas as feridas ainda não se fecharam. 

 

Vozes e palavras ressaltadas por uma tela que, estampada em luto, parece compreender que o horror do que se passa não necessita de imagens para se legitimar. É através desse simples e poderoso recurso que Kathryn Bigelow inicia sua tarefa de nos levar de volta ao atentado contra o World Trade Center, comandado por Osama Bin Laden no ano de 2001.

Baseando-se no minucioso roteiro de Mark Boal, Bigelow busca encontrar na verossimilhança a força de sua narrativa, ousando condensar em Maya (Jessica Chastain) várias características que remetem à influência da mancha deixada por Bin Laden na vida dos americanos. Assim, a personagem parece não possuir uma vida pessoal relevante (ou, ao menos, é incapaz de retomá-la por conta do atentado), ao passo que sua dedicação integral ao trabalho só demonstra o quanto o ataque se tornou parte de sua própria história. Além disso, a diretora compreende que atuar em guerras em um mundo no qual a tecnologia é cada vez mais dominante sugere a existência de armas que, a princípio, pareceriam inofensivas. Dessa forma, salas de reunião, escritórios, softwares e trajes corporativos tomam o lugar de uma – hoje – arcaica concepção de batalha.

Dez anos foi o que se passou da data dos atentados até a morte de Bin Laden e esses dez anos são divididos em três atos distintos. O primeiro ato, o mais polêmico, se trata das torturas – aspecto tão criticado e constantemente citado nas críticas à administração Bush. As sessões angustiantes e desumanas de maus tratos são lideradas por Dan, interpretado pelo desconhecido Jason Clarke, que nos dá possivelmente a atuação mais espetacular da película. A ambiguidade de seu personagem, que nos faz sentir um misto de repulsa e simpatia, é vital para o sucesso do filme. É ela que nos dá a tônica para que não encaremos a CIA nem como vilã cruel, nem como salvadora da pátria, mas como um conjunto de humanos perdidos em meio a escuridão.

No segundo ato, o centro das atenções vai para Maya, personagem de Jessica Chastain. Fica clara a evolução psicológica de Maya durante a projeção. No início, ela se incomoda com as cenas de tortura, esconde o rosto. Porém, aos poucos, ela vai se transformando, ficando completamente obcecada pelo seu objetivo, fazendo com que toda aquela repulsa suma (ela até coordena uma sessão de tortura). A causa dessa evolução já foi estudada por Bigelow em seu último filme, “Guerra Ao Terror (“The Hurt Locker, 2008). O efeito da guerra no ser humano e, principalmente, o pós-guerra. O que fazer quando ela acaba.

No seu ato derradeiro nos vemos em meio a um sofisticado thriller político, que debate os bastidores estratégicos da CIA. Tudo nos preparando para o terceiro ato, quando acompanhamos toda a ação que resultaria na morte do terrorista mais procurado do mundo. Aqui, a câmera balançando, os cenários extremamente escuros, e as locações realistas nos transportam para aquele momento fatídico.

 

 

E no fim, quando a ação é concluída, é tocante perceber que não existe luz no fim do túnel. Em meio a escuridão total, um personagem chora. Acabar com aquilo que causou a escuridão não é sinônimo de acabar com ela.

 

Posts Anteriores:

[ESPECIAL] – Detona Ralph 

[ESPECIAL] – As Aventuras de Pi

[ESPECIAL] – Argo

[ESPECIAL] – Intocáveis

Não deixe de conferir as novidades do CineOrna através das nossas redes sociais:

Facebook | Twitter | Filmow | G+ | Instagram | Tumblr | Pinterest