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Em um contexto de pós-guerra, no ano de 1919, após a batalha de Galípoli (onde a Austrália e a Nova Zelândia invadem a ilha de Galípoli, na Turquia, com o apoio da Inglaterra e da França), Connor decide que está na hora de ir atrás de seus três filhos desaparecidos em combate. O personagem, interpretador por Russel Crowe, parte então em sua jornada, sem nada a perder. Sabendo que as probabilidades de os três jovens estarem vivos é praticamente nula, luta contra forças do governo turco para tentar desembarcar na ilha de Galípoli para finalmente, após três anos, poder enterrar os corpos dos filhos. Enquanto arranja maneiras de ir ao local do combate, Connor cria uma relação muito especial com o pequeno Orhan. Um encontra no outro a parte que lhes falta: o jovem turco perdeu seu pai em combate, enquanto o australiano perdeu os filhos. Essa relação traz um certo ânimo para o pai desamparado seguir em sua jornada. “Promessas de Guerra” possui direção de Russel Crowe, roteiro de Andrew Knight e Andrew Anastasios, e é uma coprodução entre Estados Unidos, Austrália e Turquia.

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É muito interessante que um filme de Hollywood se passe em território estrangeiro, no caso a Turquia. Porém, como é de se esperar, o choque com uma cultura não ocidentalizada é passado para a tela de forma um tanto negativa, com vários estereótipos e preconceitos. Os turcos são retratados quase que em totalidade como sendo inimigos, inclusive os que não possuem ligação alguma com a guerra. Eles estão quase sempre sujos, suados, e não possuem um quê de simpatia. Já o protagonista australiano é o redentor, que veio para salvar a europeia das garras de uma cultura machista.

Porém, o filme também trata de valores muito positivos como a dedicação de pai para encontrar seus filhos perdidos, a possibilidade de redenção, o perdão, entre outras coisas. Isso ameniza e muito as coisas negativas, trazendo uma sensação de conforto e plenitude. A trilha sonora discreta, mas muito bem usada, acentua isso, de forma boa.

Outra coisa que achei interessante foi a utilização dos elementos terra e água dentro da narrativa (além do nome em inglês, “The Wather Diviner”). No começo temos uma cena que praticamente resume o filme inteiro, através desses elementos: Connor está em meio ao deserto, procurando água com a ajuda de gravetos (o que nos mostra que ele tem algum tipo de sensibilidade junto à natureza), e então começa a cavar. Impossível! Muitos teriam dito. Mas depois do que parecem ser horas, ele acha uma nascente, acha a vida onde só havia poeira e morte. Essa cena inicial mostra a jornada de Connor, que busca os filhos em meio a uma imensidão de restos mortais do combate, de alguns anos atrás, (SPOILER ALERT!) e que acaba por descobrir que um de seus filhos pode ainda estar vivo (água no meio do deserto, onde antes não havia vida). O elemento água volta novamente numa das cenas finais, depois que Connor encontra seu primogênito, e sob um ataque do exército grego, eles precisam decidir entre a vida e a morte, permanecer nas terras áridas da Turquia ou pular num poço d’água, que desembocará no mar. Eles escolhem a vida, pulando no poço, não só se livrando da morte mas também pulando em uma nova vida, recomeçando tudo de novo.

Promessas de Guerra” é um filme bem feito e muito bem resolvido. Diferente do que se diz normalmente quando se vai ao cinema (“tinha tudo para ser um ótimo filme, mas foi legalzinho até”), esse é um bom filme, e pode ser assistido pela família inteira. Possui momentos intensos de tristeza, alegria, combate. Tem o drama, o romance, a guerra, a redenção. É um dos poucos filmes que foram lançados esse ano que acho interessante – na verdade, foi o primeiro. Vale a pena dar uma conferida.

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