Concursos públicos são um grande chamariz para milhares de brasileiros, seja pela estabilidade do cargo pretendido e/ou o salário atrativo, muitas vezes nem se importam com a distância, afinal é uma chance de carreira, por vezes, única na vida. Em “O Concurso”, quatro candidatos de diversos cantos do país disputam pela vaga de juiz federal, com a prova final a ser realizada numa segunda-feira de manhã na cidade do Rio de Janeiro, mas é claro que ninguém ali é perfeito.

 

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No Rio Grande do Sul, mais precisamente em Pelotas, Rogério Carlos (Fábio Porchat) é um rapaz pomposo e de hábitos delicados, tentando corrigir isso praticando luta, e uma simples vitória no treino faz com que seu pai, vivido por Jackson Antunes, comemore e enfatize ao filho que deve triunfar no concurso, honrando o sangue gaúcho e a tradição de juízes na família que vem de duas gerações. No Ceará, “Freitas” (Anderson de Rizzi) é um homem dedicado, embora se concentre mais à devoção por religiões que lhe garantirão o sucesso na hora da prova, afinal sua esposa Mariana (Carol Castro) está grávida e ele quer garantir um bom futuro para sua família. Enquanto isso em Piraporinha, São Paulo, Bernardo (Rodrigo Pandolfo) é um moço tímido, o orgulho da família e até mesmo da cidade, focado no trabalho já que, aparentemente, ele só consegue se dar bem nisso. Já na “cidade maravilhosa”, sede do concurso, Caio (Danton Mello) é um advogado criminalista que está atento a qualquer oportunidade de obter as coisas pelo jeito mais fácil, o que não quer dizer que seja seguro.

Chegando no sábado e com antecedência na Corte Federal para o credenciamento, não demora para que os quatro se conheçam e logo Caio passe a desvirtuar os outros três, sugerindo um tour pelo Rio. Deste ponto em diante, eles só se metem em encrencas, a começar pelo carro pifado do advogado e o hotel fajuto que não tinha efetuado suas reservas. Desesperados e prevendo que ninguém passará no exame, os quatro decidem subir ao Morro da Samambaia a fim de conseguir o gabarito da prova arranjado por um conhecido de Caio, o Polegada (Gigante Léo), metendo o grupo mais uma vez em enrascadas que misturam briga de anões junto com um tiroteio. Fica óbvio que os quatro fogem do local, deixando seus gabaritos e partindo para mais experiências na noite carioca.

Predominando uma linguagem televisiva típica de séries de humor (e também do “Porta dos Fundos”, sucesso da turma do Porchat no YouTube), o roteiro passa a se sustentar com piadinhas e ações de conotação sexual e, não por menos, aproveita para explorar os segredos íntimos de Bernardo e Rogério. É aí que Martinha Pinel (Sabrina Sato) aparece para atormentar o introvertido rapaz, enquanto o gaúcho se sente atraído por uma mulata chamada… Roberval, abrindo espaço para tratar da diversidade com uma liberdade de se surpreender, ainda mais se tratando de uma produção da Globo Filmes. A fotografia, por sua vez, se consiste de planos médios, fechando o quadro nos rostos dos protagonistas, algo que é favorável quando o personagem de Antunes surge e bota pressão no filho, mas a câmera não se contém quando se trata em enquadrar a bunda da Sabrina Sato e outras partes do seu corpo durante sua caçada querendo que Bernardo faça sexo com ela.

Essa vergonhosa caçada, parte pelo desempenho raso de Sato, domina o terceiro ato, quando os quatro voltam ao morro para reaquirir as cópias do gabarito novamente com o mafioso anão. A partir daí, a avacalhação toma conta e os personagens se metem em confusões particulares, rendendo-lhes catarses tanto para o bem quanto para o mal, implicando diretamente no dia da prova. 

 

 

Por mais repetitivo que o filme se torne a caminho de seu final, é muito admirável o trabalho que os atores protagonistas fizeram com seus personagens e não demora para que nos identifiquemos com pelo menos um deles. Entretanto, n’O Concurso há muito mais coleguismo do que competição entre os candidatos, seja isso intenção ou não dos roteiristas (e seus consultores), talvez renderia mais incidentes à narrativa, até porque é algo comum e natural em exames, ainda mais se eles tratam de definir o profissional que exercerá um dos cargos mais importantes da Justiça.

 

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O Concurso 

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