A Londres dos anos 1960 composta pelo contraste de ativistas efervescentes pelo auge da Crise dos Mísseis de Cuba e pessoas que insistiam em viver seu cotidiano cego pelos costumes domésticos é o cenário do novo filme de Sally Potter. A diretora e autora tem em seu currículo “Porque os Homens Choram” e “Orlando: Mulher Imortal”, e é conhecida por suas obras cruas e de visão particular que costumam passar despercebidamente pelo grande público.

 

Ginger e Rosa nasceram no mesmo dia, no mesmo hospital, exatamente uma ao lado da outra, e assim permaneceram até sua adolescência. Amigas inseparáveis, elas experimentam os primeiros passos da vida adulta juntas, sem medo de deixar sua infância para trás. A ameaça iminente da bomba atômica preocupa constantemente a promissora poetisa Ginger, enquanto Rosa procura nas ruas o amor que não recebeu em casa e acredita ter outros problemas mais importantes para enfrentar. Seus diferentes ideais começam a separar as duas amigas e põe em prova um amor nutrido por tantos anos.

Apesar do título e o foco no relacionamento entre as duas amigas, é Ginger quem conduz a história. O espectador é direcionado pela visão da personagem e a acompanha em seus conflitos pessoais enquanto ela tenta enfrentar os problemas políticos e sociais à sua volta. Ginger teme pela destruição do planeta e da humanidade, mas se depara com a destruição inesperada de sua própria família e é obrigada a enxergar as pessoas ao seu redor como elas realmente são. Neste turbilhão de emoções, ela conta com seus padrinhos Mark e Mark II e a amiga Bella, interpretados pelos fantásticos Timothy Spall, Oliver Platt e Annette Bening, como aliados nessa jornada de descobrimento de si mesma e do mundo.

A protagonista é interpretada por Elle Fanning, talento mais do que promissor, destaque entre os jovens atores de sua geração. Enquanto todos estavam de olho em sua irmã Dakota, Elle começava a trilhar seu caminho, iniciando carreira nos filmes “Babel” e “O Curioso Caso de Benjamin Button”. Menina prodígio, ela busca participar dos mais diferentes projetos e mostra talento de sobra em todos eles, sem demonstrar afetação, característica difícil de se encontrar em Hollywood. A atriz é especial por levar sempre uma visão mais profunda e original a seus personagens, impressionando com uma delicadeza certeira, como fez em “Um Lugar Qualquer” (o último de Sofia Coppola) e como faz novamente como Ginger.

O elenco tem destaque no longa, contando também com o maravilhoso trabalho de Alice Englert (“Dezesseis Luas”) como Rosa, Christina Hendricks como Natalie e Alessandro Nivola como Roland, os pais de Ginger. Já a direção de arte é composta por uma fotografia seca, típica de filmes passados naquela época, relembrando “O Garoto de Liverpool”, “Educação” e até “Não Me Abandone Jamais”, e por um figurino que se fecha em tons escuros que se contrapõe com os cabelos de cor vibrante de Ginger.

 

 

“Ginger & Rosa” é sobre amizade e relacionamentos dentro e fora do ambiente familiar, sobre crescer e se encontrar. Sobre conhecer e enfrentar as realidades do mundo, seja a bomba atômica ou a decepção com quem se ama. Embarcamos com Ginger em uma viagem em que percebemos que os conflitos mundiais podem ter a mesma proporção que os internos, e não há forma fácil de lidar com nenhum deles.

 

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