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Mesmo estando em um passado distante, os anos sob os holofotes, a vida de celebridade e a veste de super herói continuam a ditar a vida de Riggan Thomson (Michael Keaton). Relembrado nas ruas pela antiga franquia de sucesso “Birdman” e tachado pelos críticos e pessoas do ramo como ator sem talento, o objetivo de Thomson é se reerguer em meio aos preconceitos e se mostrar capaz de voar ainda mais alto.

CineOrna | Birdman Poster

Na busca por quebrar os rótulos, símbolos e limitações, ele aposta na montagem de uma nova peça na Broadway, escrita, dirigida e atuada por ele como seu grande momento revelação. A produção, porém, sofre com os típicos imprevistos, desacordos e relacionamentos nos bastidores, além do ego de seus colegas de elenco, é claro. Tudo isso sob a pressão de sua família. Enquanto a ex-mulher o encoraja a enfim tomar o papel de pai presente para a filha (Emma Stone), que acaba de sair da clinica de reabilitação e trabalha como sua assistente, a atual namorada exige constantemente sua parcela de atenção.

Em plena crise de meia idade, Riggan quer ao mesmo tempo deixar e retomar seu passado, quer ser esquecido pelos feitos de antes, mas reconhecido como já foi um dia. Seus diversos conflitos internos ganham vida através de seu famoso e difamado personagem, tomando a forma do poderoso, vivaz e creditado Birdman. A voz grossa e convincente do herói desafia o ator a todo momento, enquanto ele tenta manter a sanidade no coração da agitada, artística e promiscua Nova Iorque.

CineOrna | Birdman

As palavras do roteiro escrito por Alejandro González Iñárritu, que também assina a direção do longa, soam um tanto metalinguísticas saindo da boca de Michael Keaton, ator de vários sucessos nos anos 1990 que já vestiu os trajes de Batman nas telonas. A escolha de casting perfeita serve também para outros nomes do elenco, como Edward Norton, conhecido por algumas polêmicas e excentricidades, intérprete de um ator consagrado que entra na peça de Riggan e se recusa a aceitar ordens de quem quer que seja. A estória se aproxima da verdade até mesmo com Naomi Watts, que faz o papel oposto, de uma atriz de qualidade e prestativa, a fim de dar apenas o seu melhor para o sucesso de todos.

Em “Birdman“, a linha tênue entre o realidade e a ficção é tocada a todo momento. Enquanto a franquia que dá nome ao filme é uma criação narrativa, outras bastante reais são citadas, como “Homem de Ferro” e “X-Men” – e seus respectivos astros Robert Downey Jr. e Michael Fassbender. Bem realísticos são também os comentários sobre as situações e momentos passados por Hollywood e pela Broadway na atualidade. As sensações transmitidas ao espectador são cruas e afiadas, não apenas em seus diálogos, como também nas viagens feitas pela câmera, que leva o público pelos corredores dos camarins e bastidores do teatro St. James em plena Times Square, em movimentos rápidos e inúmeros planos sequência. Acompanhamos, assim, em primeira mão a correria de seus personagens, das mentes que borbulham em serviços e filosofias.

Em retrato duramente realista do que se passa por trás da cortina da indústria do entretenimento, “Birdman” sensibiliza sem utilizar exageradamente da dramaticidade de suas situações. Por vezes, ri com a ironia delas, ainda que também sem retirar a seriedade de seus méritos. Em equilíbrio complicado e bem dosado, o longa garante um passeio pelas crises e prazeres da vida de um ator de um sucesso só que tenta a todo custo se provar para o mundo, para sua família e, principalmente, para si.

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