Durante as férias da faculdade, a jovem Veronica Roth resolveu usar seu tempo livre para escrever uma história distópica sobre uma garota que não se encaixa onde deveria e por isso representa uma ameaça para o governo. Apenas alguns poucos anos depois, a história que originaria o livro “Divergente” é mundialmente conhecida e sua versão cinematográfica chega aos cinemas com estreia esperada por milhares de fãs.

O fenômeno “Divergente” é inesperado, porém não surpreendente. A trama atinge diretamente o público jovem adulto, bastante influente nas mídias contemporâneas e, portanto, capaz de transformar seu objeto de adoração em sucesso. A história composta por três livros tem um apelo político-social assim como uma relação amorosa levemente romântica, mistura tensão com momentos humor e momentos de ação, uma combinação que representa a fórmula nada secreta para atrair o leitor e garantir entretenimento nas telonas.

Na trama da protagonista Beatrice (Shailene Woodley), o mundo é dividido em cinco facções que garantem a estabilidade e harmonia da sociedade, são elas: Abnegação, Amizade, Franqueza, Audácia e Erudição. Cada qual com seu papel no funcionamento deste sistema, uma vez que escolhido onde você se encaixa melhor, é ali onde ficará para sempre. A escolha opressora é feita aos 16 anos, quando cada um deve decidir se permanecerá na facção onde cresceu com a família ou mudará seu destino. Quando escolhido, testes são realizados para decidir se a pessoa está realmente apta a ocupar aquele lugar. Caso não esteja, seu futuro será nas ruas, juntamente com os “mendigos” desta sociedade, os chamados “sem-facção”.

A problemática da história se dá quando Beatrice, nascida Abnegação, se descobre Divergente, alguém que tem suas qualidades relacionadas a mais de apenas uma facção. O status é terrivelmente ameaçador para o governo, que por sua vez corre o risco de uma revolta interna, já que os líderes de Erudição, comandados por Jeanine (Kate Winslet), querem assumir o atual controle em posse de Abnegação, além de caçar e exterminar todos os Divergentes. A partir de sua escolha, então, Beatrice tem que passar por complicados testes, se provar na facção escolhida por ela e ainda se esconder desta ferrenha busca por Divergentes.

A trama bastante intrigante, cheia de suspense e tensão de Veronica Roth ao chegar aos cinemas tem a desvantagem de seguir a saga criada pela autora Suzanne Collins. A adaptação da primeira parte de Jogos Vorazes surpreendeu muitos críticos por sua temática e qualidade, surpresa essa que muito provavelmente não ocorrerá desta vez com “Divergente”, já que cá entre nós, a trama de Collins e sua Katniss deixou uma barreira difícil de ser coberta por consequentes filmes neo utópicos e suas heroínas modernas. Claro que ao realizar uma produção que segue estes padrões, é preciso saber que a comparação é inevitável e a qualidade, senão igualada, será possivelmente difamada. Um risco válido quando o foco é um sucesso de bilheteria e não exatamente críticas positivas.

Divergente não tem nas telas a força de “Jogos Vorazes”, e a culpa não é tanto do roteiro, escrito por Evan Daugherty (“Branca de Neve e o Caçador”) e Vanessa Taylor (“Um Divã Para Dois”), quanto de sua direção, comandada por Neil Burger (“Sem Limites”). Os fatos do livro, afinal, estão lá, mas sua intensidade se perdeu no caminho. A jornada extremamente ativa de Tris, desde sua cerimônia de escolha até o clímax da história, não é tão excitante na tela quanto nas páginas do livro. Intensidade esta que não precisava ser perdida em uma tradução para o cinema, pelo contrário, poderia ter sido muitíssimo bem explorada.

 

 

Se no filme de Burger o público perde um pouco da emoção gerada pelos embates entre Tris e seu enfadonho colega de facção Peter (Miles Teller) ou a expectativa em descobrir porquê ser Divergente é tão perigoso, por exemplo, pelo menos a força e a coragem do casal protagonista – completado por Quatro (Theo James), interesse amoroso e mentor de Tris – estão bem expostos, assim como a mensagem principal da trama: o não contentamento com as barreiras impostas por terceiros, sejam eles poderosos ou não, e a fuga – ou divergência – da mediocridade. Um recado sempre bom de ser repassado, ainda mais para o público-alvo do filme.

 

Mais críticas: 

Crítica 01 | “Divergente por Carlos Pedroso

Mais informações:

Em Breve | “Divergente

Em Breve | Trailer legendando de “Divergente

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