Lone Ranger, advindo inicialmente das radionovelas norte-americanas, depois adaptado para o cinema, para a televisão e para os quadrinhos, é um cowboy que combatia injustiças no Velho Oeste em companhia de seu fiel parceiro, o índio Tonto. Suas versões anteriores possuíram diversos nomes, entre eles Zorro, em um momento de confusão entre os justiceiros (ambos usam chapéu, máscara e montam num cavalo, porém “o” Zorro possui um cavalo negro, enquanto o Cavaleiro Solitário possui um cavalo branco). Sua primeira transmissão ocorreu no ano de 1933, data em que começa o filme, realizado pelos estúdios da Disney.

O filme se passa em um flashback do personagem Tonto (Johnny Depp), que está em uma espécie de museu de parque de diversões, contanto a história do surgimento da lenda do Cavaleiro Solitário, John Reid (Armie Hammer), passada em 1869, a um garoto que usava a máscara preta. Dentro da narrativa, várias simbologias são utilizadas, sendo as mais importantes o trem como símbolo de progresso, o pássaro preso em uma gaiola e o relógio de bolso quebrado de Tonto. (Aviso: o texto a seguir contém spoilers).

 

O primeiro símbolo, o trem, tem como símbolo a chegada do progresso, da tecnologia e da civilização no velho Texas, símbolo muito recorrente nos filmes de faroeste clássicos e de Sergio Leone (homenageado várias vezes no novo longa metragem da Disney). O progresso, financiado pelo magnata Lathan Cole, possui um preço caro, que a princípio a população ignora: a quebra do acordo entre homens brancos e índios, de não invasão de propriedades e de não agressão, por meio da extração de prata do território indígena. Isso faz com que algumas pessoas inocentes sejam mortas, um menino fique órfão e uma senhora fique viúva. Além disso, a lei, que deveria acompanhar o progresso, é deixada de lado (percebe-se bem quando o ranger Reid “morre” em combate devido a uma tração de um de seus companheiros). Mesmo após originar uma série de conflitos, o trem acaba sendo a solução para todos os problemas, se utilizado de forma correta (e pelas pessoas corretas).

O segundo símbolo, o pássaro preso em uma gaiola, nos é apresentado logo nas primeiras cenas, quando o pequeno Danny brinca com um brinquedo, uma espécie de pirulito de madeira, que em uma face possui impresso um pássaro, em outra uma gaiola; quando se gira o brinquedo em certa velocidade, cria-se a ilusão de que o pássaro está preso. A brincadeira se segue o comentário de Lathan, de que o que mais odeia é ver um pássaro preso. Eis o tema principal do filme, sendo o pássaro o índio Tonto, que aparenta estar preso, quando na verdade está livre. Dentro do flashback, a primeira vez que vemos o índio ele está acorrentado, sendo conduzido à prisão – ou seja, Tonto está preso e é vítima de preconceito por parte dos homens brancos. Mas não. O índio solta suas correntes como se estivesse em uma brincadeira de crianças e segue livremente para sua busca primordial. A liberdade também é refletida em suas ações, em seus cabelos soltos, suas roupas contrastando com o terno de John Reid e sua habilidade de constar histórias nem tão verídicas. O fato de não tem família, tribo ou um lugar para chamar de lar também o torna livre, de certa forma, pois não possui outra preocupação a não ser salvar sua própria pele – e vingar os mortos.

O terceiro e último símbolo, o relógio, nos é apresentado logo nos primeiros minutos de filme, sem que saibamos. Tonto carrega consigo um relógio de bolso quebrado (semelhante à bússola usada por Jack Sparrow em “Piratas do Caribe”), porém ninguém sabe o motivo. Enquanto isso, Latham Cole, magnata e visionário que está trazendo o progresso para o interior do Texas, está em boa parte do tempo girando o objeto para ver as horas. No desenrolar da história, descobrimos que Tonto ganhou o relógio em uma das muitas trocas realizadas pelo personagem, fato que trouxe consequências caríssimas ao personagem de Johnny Depp. Por fim, descobrimos que o responsável por tudo – pela troca, pelas mortes, pela conspiração – é o magnata Latham Cole, e tudo por conta da prata (o preço do progresso).

Para finalizar, um comentário a respeito da trilha sonora de Hans Zimmer. A trilha é bem semelhante a dos filmes do Sherlock Homes, da Warner Bros, porém com um toque de Sergio Leone (a gaita do filme “Era uma vez no Oeste”, 1968, referenciado várias vezes em “O Cavaleiro Solitário”). Além disso, o som não foi utilizado de maneira muito apelativa – como é de se esperar dos filmes de Hollywood (ou talvez eu estivesse tão entretida com o filme que deixei passar as apelações!).

 

 

Muitas outras questões podem ser ainda discutidas a respeito do filme. O preconceito étnico, sociedade/indivíduo, justiça/lei. Esse é um daqueles filmes para toda a família: as crianças se divertem, os jovens recebem uma lição de moral e os mais velhos refletem sobre questões sociais, tão atuais hoje como eram no tempo em que a história do Cavaleiro Solitário se passa.

 

O filme chega nos cinemas Brasileiros dia 12 de Julho

[EM BREVE] – Pôsters Nacionais de “O Cavaleiro Solitário

[NOTÍCIAS] – Cartaz e Trailer de “O Cavaleiro Solitário“ 

[EM BREVE] – Vídeos de “O Cavaleiro Solitário

[ESPECIAL] – Entrevista com Armie Hammer

[ESPECIAL] – Entrevista com Johnny Depp

 

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