Não parece costume nosso, mas em “Chamada de Emergência” ligações para o número 911 parecem ser comuns em Los Angeles, seja para avisar um assalto na casa ao lado, ocorrências no trânsito, suicídios, passando por overdoses ou até mesmo cantadas para as operadoras da central. E é nesse meio constantemente tenso que a experiente operadora Jordan Turner (Halle Berry) lida com todas essas ocorrências, sendo calma e precisa no seu computador, repassando os procedimentos às pessoas do outro lado da linha ou, em casos mais graves, passando as coordenadas para os policiais atendê-las. Quando Jordan atende uma chamada de Leah Templeton, uma adolescente desesperada por ter um homem invadindo sua casa e por um descuido de uma rediscagem toda a operação falha, Jordan entra em pânico pelo incidente e sente que é hora de parar. Toda essa sequência recebe do diretor Brad Anderson (“O Operário”) planos praticamente fechados com câmera na mão, beirando a close-ups extremos, aliados a uma edição entrecortada, uma ótima mixagem de som e trilha musical que confere à projeção momentos de suspense bem eficientes e, não por menos, essa combinação vai se seguir até os minutos finais.
Após 6 meses do sequestro de Leah, Jordan agora treina novos ingressos na central, enquanto que o sequestrador se prepara para raptar sua nova vítima, Casey Welson (Abigail Breslin), que passeia num shopping com uma amiga, desfrutando da vida consumista e a liberdade de ser jovem. A partir daí o roteiro procura estabelecer claramente seus pontos-chave, evidenciando objetos de cena que terão utilidade nos atos subsequentes, mostrando-se também inventivo nas táticas de Jordan ao auxiliar remotamente Casey, cujo celular descartável não pode ser rastreado, dificultando o trabalho da polícia na busca, não impossível para a operadora, que reassume seu antigo cargo decidida a não falhar uma segunda vez. E justamente na busca pelo auto-controle que Jordan estabelece um dos momentos mais comoventes do filme ao notar no banco de dados que ela e Casey possuem o mesmo signo e conta a característica mais marcante dele, além da comovente cena em que a garota, sem esperanças, pede para que Jordan registre uma últma mensagem para sua mãe.
Não demora para que logo sejamos apresentados à motivação do sequestrador (uma mescla genérica às dos famosos psicopatas do cinema Norman Bates e Dr. Hannibal Lecter) e o cerco em torno dele começa a se estreitar, ao passo em que o suspense se tonifica assim como a obstinação de Jordan. Situações óbvias a parte, além da super-valorização da central do 911, “Chamada de Emergência” tem aquela liberdade de um filme independente aliada ao ritmo constantemente acelerado dos melhores thrillers.
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