A década de 1990, bem antes de Harry Potter virar sucesso literário mundial, havia uma série de livros fininhos que era a parceria ideal para a garotada. Cada exemplar trazia diferentes e ágeis histórias de terror com seus heróis combatendo monstros, todos eles oriundos da mente criativa do autor R. L. Stine. O sucesso foi tanto que uma série de TV foi encomendada ainda naquela época, mas depois de uma enxurrada de franquias entre os anos 2000, Goosebumps estava quase esquecida. Isso até a Sony Pictures resolver mexer na estante de livros de Stine e soltar todos os icônicos monstros para assustar uma nova geração, desencadeando, na verdade, uma comédia mais despretensiosa.
Quando se muda com a mãe recém-viúva para a cidade de Madison, o adolescente Zach (Dylan Minnette) mal poderia esperar que o lugar pacato iria lhe trazer uma aventura alucinante nos próximos dias. Inicialmente emburrado, logo o garoto faz amizade com o agitado Champ (Ryan Lee), sua reclusa vizinha Hannah (Odeya Rush) e inimizade com o pai desta, o estranho Shivers/Stine (Jack Black), que quer manter a filha trancada em casa a todo o custo. Com o chamado da aventura dado por um grito de horror, Zach e Champ entram na misteriosa casa com sua mobília pra lá de estranha e com sua chamativa estante repleta de manuscritos originais de Goosebumps, todos eles parecendo um tanto quanto… vivos.
Simpatizando-se com a aura dos teen movies, “Goosebumps: Monstros e Arrepios” não poderia ser mais contemporâneo, todavia com os mesmos recursos vistos em títulos recentes. Enquanto é o atlético Zach que parece sofrer bullying de seus novos colegas, sendo recebido pelo nerd (e confiante) Champ, não faltam personagens viciados em seus smartphones e que até mesmo aprendem utilidades a partir de tutoriais no YouTube, mas não esperem relações bem exploradas, o intuito aqui é encher de monstros a cidade, resultando num semi-apocalipse que sequer procura trazer uma reflexão de sua sociedade. Não obstante, são poucos os embates entre criador (e ajudantes) versus criaturas que são essencialmente divertidos, como a sequência envolvendo os gnomos de jardim na cozinha ou a perseguição do lobisomem no mercado, ficando o restante desperdiçado muito por causa da falta de uma apresentação melhor, isso pra não falar nas criaturas compostas digitalmente.
Ao utilizar o 3D (convertido) mais durante as cenas iniciais e com uma quase-nula sensação de profundidade, além de Jack Black atuar pra lá de sóbrio, “Goosebumps” está mais preocupado em homenagear brevemente um autor e sua obra, cujo sucesso se perdeu entre tantas outras franquias infantojuvenis, do que proporcionar aos espectadores aquela irresistível sensação de procurar os livros originais.
Saiba mais sobre o filme:
Notícias | Jack Black vem ao Brasil para o lançamento de “Goosebumps: Monstros e Arrepios“
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