Ok, não sou muito fã de filmes que versam sobre temáticas catastróficas para a humanidade, mas “O Expresso do Amanhã” (“Snowpiercer“) conseguiu minha simpatia, muito embora, a meu ver, algumas considerações devam ser feitas. Consideremos, ainda, que a película de Joon-ho Bong (diretor e roteirista) foi produzida em 2013, tendo chegado tão somente neste ano aos cinemas brasileiros, o que já deixa uma margem vasta para spoilers na internet. Assim, talvez o que está escrito aqui tenha a grande probabilidade de ser “mais do mesmo”, mas não deixa de ser uma impressão pessoal.
Em um futuro não muito distante, após um experimento que visava ao fim do aquecimento global dar errado, o planeta Terra vivencia uma nova Era Glacial, sendo que os únicos sobreviventes (humanos e animais) estão a bordo de um trem chamado Snowpiercer, inventado pelo misterioso Mr. Wildford (Ed Harris), que passeia pelo mundo sem um destino certo. Nos inúmeros vagões desta máquina, as pessoas encontram-se dispostas por classe social, de modo que a mais baixa se localiza na parte traseira, e a mais abastada, no fronte. Acontece que o nível de descaso com os mais pobres os leva a uma insatisfação geral, ensejando uma revolução que pretende assumir o comando do trem, a fim de que todos tenham uma melhor qualidade da única forma de vida que agora conhecem.
Com este cenário propício ao caos, intercalado por muitas cenas de ação e por algumas de humor escrachado (destaque aqui para a atuação de Tilda Swinton), o filme leva a uma reflexão pertinente também à situação da atual sociedade, em que a desigualdade de renda impera e os mais prejudicados continuam figurando nas posições socioeconômicas menos favoráveis.
Em tempo, Joon-ho Bong afirma que a inspiração para o longa veio após ter contato com a HQ francesa “Le Transperceneige”, de Jean-Marc Rochette e Jacques Loeb. Diz ele que ficou fascinado pela ideia de pessoas lutando por sua sobrevivência a bordo de um trem comandado por um corpo militar. Isso nos leva a pensar, de igual forma, no questionamento que se faz às figuras de autoridade ali apresentadas, e a todo o aparato que dá legitimidade a um regime de disciplina rígido.
Por falar nisso, Chris Evans demonstra uma ótima performance ao encarnar um personagem que resolve questionar o establishment, prestes a liderar uma revolução – que, embora seja tão desejada, cria anseios e incerteza em todos os que dela resolvem participar.
Como dito anteriormente, o filme traz em si uma crítica que merece ser aproveitada, em que pese a estória se perder mais ao fim, gerando uma leve frustração em relação aos tantos ápices que foram mantidos ao longo de sua duração. De qualquer forma, é um bom filme, com excelentes atuações, que merece ser visto com atenção.
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