Em “Trapaça“, temos um casal de golpistas —Irving (Christian Bale) e Sidney (Amy Adams)— que, após ser detido pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper), aceita participar de uma missão para desmascarar políticos corruptos e mafiosos. Além dos três protagonistas, há belos desempenhos de Jennifer Lawrence, como a mulher desequilibrada de Irving, e de Jeremy Renner, como um político populista.

 

Como o filme se passa nos anos 70, somos presenteados com várias características deliciosas dessa época, como os móveis coloridos e exagerados, as músicas, a dança, as roupas e especialmente, os penteados. O filme vale principalmente por causa de duas grandes interpretações, ambas femininas. É bom que a história ofereça dois ótimos papéis para mulheres. São elas que são a alma do filme. Amy Adams está espetacular, de um jeito que a gente nunca viu. Normalmente essa atriz é considerada a típica girl next door, de feições bonitinhas, nada deslumbrante. Com quase 40 anos de idade, ela costuma pegar papéis meigos (nem parece a mesma atriz de “Ela‘). Jennifer Lawrence, apesar da pouquíssima idade, já provou que pode fazer de tudo. Ano passado ela ganhou seu primeiro Oscar (pode apostar: outros virão) por outro filme do Russell, “O Lado Bom da Vida“. Em “Trapaça” ela é coadjuvante, mas sempre que aparece, gera faíscas, embora sua personagem pedisse uma atriz no mínimo dez anos mais velha.

A trilha sonora também merece todos os elogios. Ela é quase uma personagem do filme, entrando no momento certo e com músicas pop conhecidas, como Live and Let Die do Paul McCartney. Os figurinos também são impecáveis, e nos transportam fielmente à época em que o filme se passa. Mais do que isso, os diálogos também impressionam, por vezes engraçados e por outras vezes sérios.”Trapaça” é um filme-armadilha que enreda tanto os seus fantásticos personagens – vítimas da própria trapaça que criaram – quanto o espectador, embevecido com suas histórias (de altos e baixos) em sequências memoráveis. Há sempre uma levando à outra ainda melhor…, culpa do timing (cômico, romântico, dramático) do elenco numa narrativa muito bem amarrada e onde o crime e o castigo é apenas um detalhe. Nas reviravoltas do roteiro, Lawrence, com sua desleixada Rosalyn, rouba muitas cenas,mas, creio que as mais tocantes, são as de Renner na pele do sonhador prefeito Carmine, cuja ambição de dar uma vida melhor aos cidadãos do seu estado acaba virando um pesadelo. É impossível não se emocionar, no epílogo, diante da frustração de Carmine e o remorso de Irving.

 

 

Trapaça” é destes filmes bem produzidos e que sempre será destacado nas premiações, mas que no final das contas não traz nenhuma grande história ou mesmo surpreende o espectador. Pelo contrário. Passatempo interessante, especialmente pela trilha sonora. E só. “Trapaça” é um forte concorrente ao Oscar 2014 e em minha opinião Jennifer Lawrence levará o premio novamente para casa. Apesar das dez indicações acredito que o filme está concorrendo com fortes adversários e não levará muitas estatuetas.

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