Depois de desagradar uma grande parte dos fãs com seu retorno aos cinemas, “O Espetacular Homem-Aranha” trouxe uma atmosfera sombria quase que desnecessária ao super-herói, e ainda retomando boa parte da história já contada no filme de 2002. Com uma sequência anunciada e ficando na penumbra provocada pelo sucesso de “Os Vingadores“, cabia agora aos realizadores reparar os danos cometidos no primeiro filme e fazer um dos heróis mais populares da Marvel ter uma história digna e, acima de tudo, divertida como tradicionalmente nas HQs. Tropeços a parte, “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro” consegue propor ao público um filme muito bem humorado e o mais emocionante até então desde que enfrentou o Doutor Octopus lá em 2004.

Apresentando um prólogo descartável e bastante semelhante ao de “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge“, Peter Parker (Andrew Garfield) vive uma boa fase com o Homem-Aranha, adorado pelo público, apaixonado pela namorada Gwen Stacy (Emma Stone) e, pra variar, atrasado nos compromissos devido a suas tarefas de super-herói, sobretudo quando tenta recuperar frascos contendo plutônio roubados pelo incontrolável Rino (Paul Giamatti) enquanto sua turma está se formando. Emblemática por diversos motivos, tais como a significante mudança para uma paleta de cores mais vivas, esta sequência traz ações desenfreadas, combinada com uma montagem bem ágil e os urgentes temas musicais que Hans Zimmer entrega como poucos, e o maior diferencial aqui é que o próprio Aranha está mais tagarela e piadista, fazendo jus ao seu cânone. É divertido também vê-lo confrontar seu desafio principal ao mesmo tempo em que o seu “sentido-aranha” (que agora mostra gente morta também…) faça-o salvar pessoas indefesas no meio do caminho, o que nos leva ao carente e desengonçado Max Dillon (Jamie Foxx), um eletricista da Oscorp, empresa essa cujo fundador, Norman Osborn (Chris Cooper), encontra-se moribundo e seu filho Harry (Dane DeHaan, com um penteado esquisito) retorna para Nova York assumir o legado a contra-gosto, mas quem é que não gosta da sensação de poder?

Um dos trunfos do diretor Marc Webb desde o filme anterior é, senão, as relações entre as personagens principais. Há mais espaço para que a tia May de Sally Field se desenvolva e se monstre bastante afetiva com Peter, e são interessantes as primeiras cenas de Garfield com DeHaan (inicialmente melhor que seu antecessor do personagem na trilogia do Sam Raimi), mas o ponto forte aqui é a adorável Emma Stone, que dialoga as falas mais meigas e sensíveis junto com o namorado (também na vida real), o que não a impede de sua personagem ser engraçada e pró-ativa. Quanto aos vilões, enquanto Harry Osborn/Duende Verde surge desesperado numa construção frágil e apressada, o Electro de Foxx possui uma das motivações mais peculiares que lembram o estilo caricato dos filmes do Batman de Joel Schumacher. Não que isso seja ruim, em tempos onde vilões só pensam em dominar o mundo, seja lá quais são seus meios, Electro só quer um pouco de atenção numa cidade que idolatra apenas o Aranha, descobrindo gradativamente a real ameaça de seus poderes elétricos, que nos levam a combates visuais bastante caprichados e bem executados pela equipe de Webb, que apesar dos excessos de planos na decupagem oriundos de uma carreira dirigindo videoclipes, revela ser também um bom condutor de cenas de ação que se intensificam ao desenrolar do filme.

Quanto ao 3D, a produção foi rodada em película, logo sua apresentação é bastante facultativa. Entre os vários planos em que o Aranha salta e balança sua teia por entre os prédios de Nova York pra desfrutar do recurso, há muitas cenas em que a profundidade de campo é quase mínima e uma boa parte do filme se concentra na busca (deveras obsessiva) de Peter em desvendar o mistério envolvendo seus pais e até mesmo resolver sua situação amorosa com Gwen, sem contar que a edição picotada reduz o efeito de imersão. Não é seu trabalho mais inspirado, mas o novo tema que Hans Zimmer propõe ao Homem-Aranha é rápido e evoca alegria, reforçando o heroísmo e, se a proposta de trazer nomes contemporâneos da música como Pharrell Williams e Johnny Marr no time desperta curiosidade, há vários pontos em que a trilha se excede e se torna muito descritiva, como em todas vezes em que Electro surge em cena.

 

 

Todavia, se a saudosa frase do Tio Ben não foi mencionada verbalmente nesta retomada, o carismático, por vezes falível, Peter Parker/Homem-Aranha de Andrew Garfield, que assobia o próprio jingle, finalmente demonstra ser um herói popular munido de grandes poderes, apto para grandes responsabilidades e desafios cada vez maiores.

 

P.S.: É provável que haja duas cenas durante os créditos.

Mais críticas:

Crítica 01 |  “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro por Carlos Pedroso

Mais informações:

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