Quando “300” foi lançado em 2007, o diretor Zack Snyder demonstrou um novo estilo de se fazer filmes épicos repleto de ações coreografadas, violência gráfica, tensão sexual e uma trilha musical mais agressiva, destoando de muitas adaptações de mitologia grega apresentadas até então. É fato que todo o virtuosismo apresentado nessa visão da Batalha das Termópilas veio a inspirar uma nova leva de títulos que não se saiu tão bem, dentre eles o remake de “Fúria de Titãs” e sua sequência, “Imortais” e, recentemente, “Hércules 3D“. Responsável atualmente por transportar o Universo da DC Comics às telas, Snyder desta vez produziu e co-roteirizou a adaptação da graphic novel não-finalizada “Xerxes”, também escrita por Frank Miller, ficando a cargo do diretor Noam Murro expandir a história das Guerras Médicas reciclando em grande parte a estética do filme original. 

Mesclando acontecimentos antes, durante e depois do confronto do Rei Leônidas (Gerard Butler) e seus 300 soldados espartanos contra a invasão persa do “rei-deus” Xerxes (Rodrigo Santoro), “A Ascensão do Império” tenta focar na trajetória de Temístocles (Sullivan Stapleton), soldado ateniense que impediu o ataque persa do Rei Dario e pode crescer dentro da sociedade ateniense, enquanto isso, Xerxes inicia os passos para se tornar o grande imperador místico com a ajuda de Artemísia (Eva Green) na Pérsia, uma assassina grega em busca de vingança contra seus próprios conterrâneos. Como todo ateniense democrata, Temístocles vai até Esparta e pede auxílio a Dilios (David Wenham) e à Rainha Gorgo (Lena Headey), que por sua vez também tem sua parcela de ponto de vista durante boa parte da narrativa.

Voltam as ações em câmera lenta combinadas com muito sangue e mutilações tomando o Mar Egeu como principal cenário de batalha, as galés dos atenienses colidindo com os barcos persas em combates muito estratégicos e em constante violência. Se há algo aqui que se distingue do primeiro filme é a adição de muitos diálogos e narrações. Temístocles, apesar de toda sua ferocidade, é um sujeito mais pensativo do que Leônidas, sendo compreensível uma quantidade maior de falas ao personagem do até carismático Stapleton, ainda que tenha que dividir seu tempo de tela com Green e Headey, atrizes bem mais conhecidas do público. Por sinal, essa divisão não demora pra se mostrar frágil durante a história, os novos personagens pouco conseguem se desenvolver a fundo e é lamentável que Xerxes, cuja participação supostamente deveria ser maior, seja deixado de lado uma vez que se mostra bastante interessante durante o primeiro ato (uma das melhores partes do filme, por sinal). Há poucos detalhes sobre a invasão persa em Atenas e muito mais da Batalha da Salamina, numa tentativa de favorecer o êxito dos gregos desta vez.

 

 

A sensualidade e o estilo femme fatale que Eva Green proporciona a sua Artemísia é um dos pontos altos de “A Ascensão do Império“, embora a direção mímica de Noam Murro pouco aproveite as qualidades da atriz e a conduza para uma vilã genérica cujos súditos inferiorizados se expressam por ocasionais gags visuais. Ausente de frases de efeito que consagraram seu predecessor e com uma apresentação em 3D nada obrigatória, “300: A Ascensão do Império” ainda vale pelo entretenimento que resgata de uma estilosa batalha que está longe de terminar.

 

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