“Ela” é uma história de amor e de solidão numa Los Angeles de um futuro próximo. Escrito e dirigido por Spike Jonze, o filme trata da relação dos humanos com seus computadores, uma vez que quase não se relacionarão com outras pessoas.
Theodore Twombly (Joaquin Phoenix) ganha a vida escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas, e os poucos amigos que têm reconhecem seu lado sentimental e carinhoso, passando a impressão de um homem que vive cercado de pessoas, que tem uma família e que alguém o espera em casa todos os dias após o trabalho. Porém essa imagem logo é quebrada quando Theodore volta para casa e entra em um apartamento vazio, somente com as mobílias tecnológicas para fazer-lhe companhia. Sentindo-se muito sozinho, devido ao processo de divórcio que está enfrentando, nosso protagonista adquire um sistema operacional novo, que interage e conversa como se fosse uma pessoa real. Assim o escritor anônimo conhece Samantha (Scarlett Johansson) e os dois começam uma relação pouco convencional.
Não são poucos os filmes que trabalham esse tipo de interação homem-máquina, porém poucos chegam tão perto de nós no momento em que os assistimos. Aqui o diretor intensifica sintomas que nossa sociedade já enfrenta, sendo os principais a dependência de tecnologia e a troca de interação “cara-a-cara” por “tela-a-tela”. Mas, como ainda não acontece hoje em dia, o computador cria sentimentos e também se apaixona por Theodore.
Até aí nada de realmente novo. É só mais um Romeu e Julieta adaptado para o futuro. Realmente o roteiro não possui grandes feitos, grandes novidades e nada que realmente valha a pena ser realçado. O que pode chamar atenção no filme é a direção de arte, que potencializa tendências já hoje encontradas. Em todos os lugares nota-se a ausência de mesas, ou então mesas muito pequenas. Não existem mais gravatas e todos se vestem como que “para parecer Cult”. Os jogos possuem os mesmos mecanismos que os videogames de hoje, com sensores que captam seu movimento, reproduzido em um holograma a sua frente. Todos os aparelhos celulares, notebooks, televisões são interligados, de modo que você possa acessar seu e-mail via fone de ouvido, por exemplo. Mas até isso deixa a desejar em vários aspectos, não é nada que já não se tenha tentado antes.
Ao que se refere às outras partes, a fotografia possui sempre uma iluminação muito clara, e cores ao estilo clean-criativo (se é que isso existe), mas também sem nada que valha a pena ser destacado. E quanto ao trabalho de som, praticamente todas as cenas são guiadas por músicas diversas, que regem os movimentos dos personagens e da montagem, e muitas vezes forçando emoções que já haviam sido estabelecidas antes, enquanto os momentos de silêncio são usados para tentar criar tensão durante uma discussão.
No geral, deixa muito a desejar em todas as partes. A história é a mesma, as emoções são as mesmas, a fotografia é a mesma. Além de tudo, o filme ainda pode ser interpretado como elitista e misógino, uma vez que nesse futuro nem tão distante não são retratados, nem em figurantes, pessoas com alguma dificuldade financeira e nem de outra etnia que não caucasiana (talvez uma pequena exceção aos asiáticos, que aparecem vez ou outra, mas sem muita relevância). A todo momento, o diretor tentou criar algo legal, meio na onda hipster que vem tomando cada vez mais espaço, e o que foi colocado em 126 minutos poderia muito bem estar em 80 minutos, sem deixar a desejar.
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