Estreia essa semana uma das animações mais esperadas (por mim) neste ano, “Como Treinar Seu Dragão 2”, também em 3D. O divertido Soluço está em seus 20 anos, tem uma namorada, um dragão e é o favorito de sua tribo de vikings para suceder a liderança. Nada poderia dar errado, a menos que um vilão apareça e queira conquistar o mundo com seu ódio e sua raiva.
Se o primeiro filme fala de um garoto querendo que o sua tribo o conheça e o aceite, esse fala de um jovem adulto que quer conhecer a si mesmo. Seus diferentes e conflitantes anseios (seguir a vida de liberdade explorando o mundo com seu dragão Banguela ou seguir a carreira de liderança de Perk sucedendo seu pai) são exteriorizados nas figuras de sua mãe Valka, uma mulher que abdicou sua vida viking para tornar-se um dragão, e do vilão Drago Bludvist, um homem bruto, insensível e que almeja dominar o mundo controlando a força dos dragões. Não que Soluço pense em dominar o mundo com os dragões e tornar-se um tirano, mas ao ser indicado pelo pai como futuro líder de Perk o jovem questiona-se a respeito de que tipo de liderança seguiria e como conciliá-la com o treino de dragões e a possibilidade de virar alguém amargurado por não ter seguido seus sonhos o atormenta.
No meio disso, para se conhecer melhor é preciso conhecer a sua origem. E nada melhor do que começar conhecendo seus próprios pais. Aqui temos o reencontro entre Stoico e Valka, personagem que não aparece no primeiro filme e há indícios de que poderia estar morta. Os dois passam por um momento de re-conhecimento, possibilitando ao jovem herói – e aos espectadores curiosos – uma possibilidade de conhecer esses personagens, que não são muito abordados antes. Temos uma espécie de história de amor, algo já resolvido há muito tempo mas que só está sendo revelado agora.
Importante destacar que o romance se passa entre os pais de Soluço e não entre Soluço e Astrid, uma vez que em sua busca por autoconhecimento Soluço deve se entrosar com aqueles que o geraram, com seu passado, não com seu futuro. Por isso a jovem moça guerreira é meio que levada à escanteio, para liderar os outros personagens em suas batalhas, afinal nesta aqui que estou a narrar Soluço deve ir sozinho.
Fechando o parêntese dos pais, os dois juntos resolvem ajudar o filho em sua luta e unem forças para derrotar o mal que os atormenta e que atormenta seu precioso filho. Infelizmente algo horrível acontece (SPOILER A SEGUIR!), Stoico morre para proteger o filho de um ataque – não vou falar de quem. Um dos maiores medos de Soluço era não conseguir ser o líder que o pai era, não ser o homem que ele foi. Uma vez esse comparativo sendo deixado de lado, não tem mais o que temer, ele está livre para ser quem quiser ser, para ser quem ele é. A morte do pai só da a Soluço a chave que precisava para terminar a batalha e resgatar Banguela (que a essa altura da história foi capturado pelo vilão). É muito lógico que em um momento de crise o herói se distancie até de seu fiel companheiro. Porém agora Soluço não tem mais quem o proteja, e num golpe quase de desespero do Dragão-alfa (dominado pelo terrível Drogo, obviamente), Banguela tenta proteger Soluço da morte e os dois acabam sendo congelados juntos por alguns instantes, enquanto são bombardeados constantemente.
Neste momento ocorre a transformação mais importante do filme. Soluço, que antes não sabia se sua alma e seu coração pertenciam ao mundo dos homens ou dos dragões, passa por uma espécie de fusão mística e áurea com Banguela. O garoto que não sabia se era homem ou dragão ergue-se do gelo como um homem-dragão. Congelados, Banguela e Soluço tornam-se um (não tipo Dragon Ball, não! Nenhum tipo de transformação física ocorre, é metafórica mesmo). O garoto que caiu como um filho que perdeu o pai ergue-se agora como o líder de Perk, e a seu lado está o pequeno Fúria da Noite, último de sua espécie, dragão que poucos minutos atrás estava sob o domínio do Dragão-alfa, ergue-se agora como seu próprio alfa, de forma que não se submeterá a ninguém mais do que a seu fiel amigo e companheiro, e a si mesmo, claro.
Agora Soluço tem a força que precisa, encontrou-se finalmente e pode derrotar o inimigo. Não precisou escolher entre homens e dragões, afinal pertence aos dois mundos e a união dos dois, selada pelo pacto invisível da lealdade, vence a tirania e a exploração.
Após essa grande aventura, que claro não se passa em Perk, mas em várias ilhas ao redor do mundo, o jovem está pronto para retornar ao seu lar e ser reconhecido como novo líder, e pode também voltar para os braços de sua adorável namorada.
Essa história incrível, além de ser muito bem construída, tem também uma das cenas mais lindas em animação que já presenciei: o rito fúnebre de Stoico, conduzido por seu filho, segundo as tradições vikings. Não só pelo fato de ser um filho dando adeus a seu pai, mas pelo respiro que o diretor soube dar a cena, sem exagero por parte da trilha sonora e escolhendo muito bem os enquadramentos. Claro que o por do sol ajuda, mas mesmo assim, a cena é linda.
Porém mesmo as mais incríveis das histórias possuem seus defeitos. Acredito que, com exceção da cena que acabei de citar, ocorreu um exagero por parte da trilha sonora, onde não há espaço para você ouvir o som gostoso que os dragões fazem quando estão brincando, nem a alegria na voz de Stoico ao descobrir, depois de 20 anos, que sua amada esposa não havia morrido.
Acho que esse é um dos poucos defeitos do filme, ou simplesmente algo que me desagrada. Mas ainda assim não é o suficiente para diminuir a grandeza desse trabalho. Talvez nem todos que assistam ao filme o percebam dessa maneira, principalmente o público alvo para o qual é destinado, as crianças. Talvez tudo isso seja só uma impressão minha, alguém que simplesmente adorou o filme está exagerando, enxergando coisas onde não tem. Para os que acreditam, para os que duvidam, e para os que se abstém sugiro assistirem ao filme e tirarem suas próprias conclusões. Tenho certeza de que irão adorá-lo.
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