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O mercado literário nos Estados Unidos é tão influente que consegue “ditar” alguns nichos de leitura e, com isso, gerando adaptações cinematográficas. O sucesso de Garota Exemplar, livro escrito por Gillian Flynn e roteirizado pela mesma no filme de David Fincher, é prova de que um novo estilo de suspense, daqueles que tocam os tempos da crise recente, é o que veio para ficar um tempo. Sem o mesmo impacto do caso da “Incrível Amy“, “Lugares Escuros” traz uma história cheia de reviravoltas revisitando um massacre familiar no passado.

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Como a sociedade gosta uma tragédia! Libby Day (Charlize Theron) vive reclusa, suas economias estão nas últimas, parecendo sobreviver graças a um lado cleptomaníaco e, mesmo após 30 anos, vive atormentada pelas lembranças da noite em que sua mãe e irmãs foram assassinadas pelo próprio irmão. Uma chance de ganhar uma boa grana aparece quando Libby é contatada por Lyle (Nicholas Hoult), integrante de um grupo de “estudos” de crimes que adora o triste caso da família Day, conta para a moça que há uma chance de reverter o testemunho que ela deu contra o irmão em 1985 e, com sorte, provar a inocência que lhe foi negada. É Charlize na estrada, de novo, com outra personagem em busca de redenção.

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Seja visitando seu irmão Ben (Corey Stoll) na cadeia ou ter que ir atrás de seu asqueroso e sempre ausente pai, a investigação de Libby é bastante extensa. Mesmo que Lyle apareça volta e meia para ajudar a moça, com pistas e resoluções mais fáceis do que o esperado, o diretor e roteirista Gilles Paquet-Brenner faz questão de lotar a história com flashbacks dos integrantes da família Day no Kansas de 1985, quando o heavy metal ainda era visto pela sociedade como um estilo de música satânico e, o mais agravante, a economia não ia nada bem. O jovem Ben (Tye Sheridan) e sua namorada Diondra (Chloë Grace Moretz) só vestiam preto, acumulavam más impressões de famílias respeitosas e uma série de denúncias de molestamento contra o perturbado garoto deixavam sua mãe Patty (Christina Hendricks) em um verdadeiro caos. Mais personagens entram nesse meio e o caso fica mais confuso, senão exaustivo. Afinal, estamos vendo sob qual ponto de vista?

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Mas Gillian Flynn gosta de pregar surpresas e este quebra-cabeça vai se ajeitando a cada dica que figuras do passado de Ben, agora (ou sempre) tão marginalizadas e até castigadas pelo tempo, soltam para a dupla, que ainda se esforçam em criar um humor tímido em meio a tanto ressentimento. Theron, com sua presença sempre forte, tenta criar uma Libby de igual personalidade, mas as constantes interrupções dos flashbacks barram qualquer desenvolvimento além do básico. Até mesmo quando chega o duplo clímax, os conflitos e reviravoltas são desenvolvidos de forma apressada ou informados por falas, cortando uma ação que estava indo bem. Para os entusiastas de uma segunda chance para Ben Day, e claro, para a própria Libby, bem no fim parece que tudo isso fez pouca diferença.

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