De vez em quando acabo sendo surpreendido positivamente por um filme, principalmente quando ele se utiliza de elementos básicos, como o uso de referências (aqui, Pina Baush, Bob Fosse e até “Dirty Dancing“), como um impulso à agonia de seus personagens. “O Dançarino do Deserto” é um filme sobre opressão, onde qualquer indício de um comportamento diferenciado ao que uma ditadura impõe, se torna uma arma fatal à liberdade de expressão.
Embora um filme completamente agradável de se acompanhar, pelas mesmas razões que motivam os personagens a se unirem contra a opressão, infelizmente, existe na maneira como o discurso político ganha evidência uma necessidade que transcende o ato político em si, numa forma que se desenvolve muito pelo senso comum de realizadores que navegam por essa temática sem pensar que a função desse tipo de filme é potencializada quando pensado por uma vertente mais singela que expositora. Nesse ponto, “O Dançarino do Deserto” acaba preferindo aquela construção apoteótica que só se faz pelo interesse de alcançar uma audiência que desconhece do universo dos protagonistas (o filme é baseado numa história real de um dançarino do Irã), levando toda a dimensão de retratar o espírito de opressão de um ditadura em um mero clichê de gênero.
Falta aqui muito da sensibilidade que esse tipo de trama e, consequentemente, personagens pedem, principalmente porque aparentemente existe na câmera de Richard Raymond um entusiasmo em retratá-los honestamente, que infelizmente é sobrepujado pelo potencial dramático. Isso se dá muito pela maneira como a montagem e a edição vão em antemão aos sentimentos que os personagens tentam expor através dos movimentos de dança. Embora um elenco completamente competente, falta aqui aquela ambição de sair do lugar comum e entender realmente o significado de projetar através da imagem cinematográfica o teor histórico de um ato político, como o orquestrado por Afshin Ghaffarian.
Mais informações sobre o filme:
Confira novas imagens e o trailer oficial de “O Dançarino do Deserto“
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