A floresta amazônica já foi cenários para muitos filmes, a maioria servindo como uma infeliz, ainda que bela, estereotipação do Brasil, desde “Anaconda” até chegarmos recentemente ao “Rio 2“. Singelo e cativante, com produção franco-brasileira, “Amazônia” é um híbrido (termo utilizado para denominar filmes que mesclam ficção com documentário) que acaba funcionando mais como um programa educativo do que entretenimento, e com o emprego do 3D, viajamos floresta adentro acompanhando o simpático macaco-prego Castanha (dublado por Lúcio Mauro Filho, o Tuco de “A Grande Família” e também dublador do Po de “Kung Fu Panda“).
Dirigido por Thierry Ragobert, o tema principal aqui é o reencontro com o habitat natural e narrativa se aproxima bastante do roteiro do primeiro “Rio“, em que um animal silvestre acostumado com a vida doméstica tem que encarar com a lei da selva quando se encontra longe de sua “casa”. Castanha, que até então pertencia a uma menina chamada Rita (Pietra Reis), foi vendido pelos pais da menina para um circo e um acidente na metade do trajeto faz com que o macaquinho se perca no meio da imensidão da floresta amazônica e, quando a fome bate, é preciso sair da toca. Acompanhamos Castanha em sua jornada pelas matas e rios, sempre detalhada com belas imagens e uma trilha sonora que, apesar de ser descritiva em vários momentos, possui lindas melodias que contemplam a beleza do lugar. Ainda que expositivos e propositalmente didáticos, os comentários que Castanha narra durante o filme divertem e são carregados de referências fáceis para as crianças e a presença da macaquinha Gaia (Isabelle Drummond), também é uma boa adição e induz nosso protagonista a fazer grandes feitos – no limite de sua estatura.
Entretanto, o filme não é composto apenas por coisas bonitas. A lei da selva está presente a todo o momento, desde as enchentes e secas, passando pelas perseguições dos jacarés e o conflito de Castanha com o chefe do grupo de Gaia, em sua maioria flagrados em ações naturais (com exceções dos macacos que tinham alguns movimentos coreografados, as demais espécies eram capturadas agindo sem interferências). Ragobert ainda consegue se distanciar da “fofura” comum de filmes de animais ao evidenciar sem dó o ataque de um gavião-rei (ou harpia) sobre o grupo dos macacos-pregos, além de cutucar bem de leve a questão do desmatamento agravante.
De acordo com o artigo publicado no G1, “Amazônia” se tornou a co-produção mais cara do cinema nacional, alcançando um orçamento além de R$26 milhões e com três anos sendo necessários para capturar todas as imagens apresentadas. Prejudicada por uma projeção escurecida pelos óculos, a fotografia 3D é decente e vale a sessão, ainda que a profundidade de campo reduzida perca um pouco o efeito da imersão. Em um ano em que o mundo todo olha para o Brasil, é sempre bom poder conferir algo que valorize nossa natureza que por vezes é abandonada de discussões que se preocupam apenas com materialismos.
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