Posso dizer que poucas coisas na vida me dão mais prazer que falar de filmes clássicos dos anos 80. Falar de “Os Goonies” (“The Goonies“) de 1985, então, filme que figura facilmente no meu Top 5 dos melhores daquela época, acaba se tornando muito mais do que prazeroso. Seria, talvez, como descrever sua família, alguém que a gente conhece há muito tempo, quase tão bem como nos mesmos.

O filme tinha a receita exata para a geração daquela época, afinal, era bastante comum inventar brincadeiras na rua e sair desbravando as ruas da vizinhança, arrumar confusões com o pessoal do bairro vizinho, inventar brincadeiras novas ou mesmo as velhas, tudo isso até a hora do sol se pôr, sinal dado para a molecada voltar para casa antes que tomassem uns “pedalas” dos pais. Mas o melhor de tudo eram as tão esperadas férias, onde tínhamos quase 2 meses de diversão, sem se preocupar com lições de casa e provas. Enfim, um retrato de uma geração há muito esquecida, onde as travessuras de rua foram trocadas por horas em frente ao computador ou videogame (tive minha época de fliperama, vai), tudo isso talvez seja motivado pela violência crescente e pelos pais super protetores de hoje, ou eu que sou nostálgico, vai saber…

Quem assina a direção é Richard Donner, o mesmo responsável por clássicos como “Superman” (O clássico) e “Máquina Mortífera” 1,2,3 e 4. Ele consegue transpor todos esses sentimentos infantis que toda criança tem em tela, o filme “cheira” a aventura juvenil, seja no roteiro, nas interpretações ou mesmo na trilha. Se sua competência ao criar o clima perfeito já não fosse o suficiente, ele contou nada mais nada menos com talvez a pessoa mais importante do cinema Hollywoodiano atual para a produção: Steven Spielberg. O roteiro, aliás, é baseado em uma história escrita pelo próprio Spielberg, com a adaptação feita por Chris Columbus, o mesmo de “Esqueceram de Mim” e, mais recentemente, os dois primeiros “Harry Potter”.

A história começa com uma sequência de cenas que mostra o esquema de fuga montado pela família Fratelli para tirar um de seus membros da prisão. Paralelamente a isso, vemos um grupo de garotos, que se autodenomina os Goonies, chegando, um a um, a casa de Mikey Walsh (Sean Astin), em um momento de breve introdução dos personagens principais. O filme mostra a história desses adolescentes que se unem em uma aventura incrível, com o intuito de manter o local onde moram, que se encontra prestes a ser demolido por conta de dívidas. A esperança surge através de um mapa de tesouro encontrado no sótão de Mikey, que supostamente pertenceria ao pirata Willy Caolho. Tendo o mapa decifrado por Bocão (Corey Feldman) e usando de muita “sagacidade” para driblar Brand (Josh Brolin), os garotos saem de casa em suas bicicletas com o objetivo de salvarem o dia. A cena segue ao som de Goonies R Good Enough, de Cyndi Lauper, música que acabou se tornando tão importante para o filme quanto qualquer personagem da história.

Além dos perigos e das armadilhas deixadas por Willy, os Goonies também tem de fugir da família Fratelli, que primeiro quer pegar os garotos por terem sido encontrados por eles em um restaurante abandonado, ponto de entrada do mapa, e depois pela ambição de também colocar as mãos no tesouro. São diversas situações de perigo enfrentadas por Mikey e seus amigos, enquanto conhecemos as invenções de Data (Jonathan Ke Quan), gargalhamos com as falas de Gordo (Jeff Cohen), acompanhamos o romance de Brand e Andy (Kerri Green).

A produção de Spielberg não poupou verba durante o filme.  Um navio pirata foi construído em tamanho real, onde os próprios atores foram proibidos de vê-lo antes da filmagem da cena final, para que suas expressões de surpresa fossem utilizadas em pró do realismo da cena em que finalmente encontram o barco. Quanto ao elenco, os personagens são carismáticos e muitos se tornaram ícones da cultura pop. Cenas como a do Gordo se confessando para os Fratelli, Sloth e seus chocolates, Bocão falando espanhol com a empregada da mãe de Mikey e as invenções que nunca davam certo do Data são inesquecíveis.

“Os Goonies“, é um filme com gosto de infância, uma história aventuresca e repleta de magia. Mesmo que seja uma obra simples e despretensiosa, um história de aventura infantil como tantas outras que saíram antes e depois dele, “Os Goonies” conseguiu a façanha de marcar uma geração, marcando bastante uma fase da minha vida. 

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