Thor: O Mundo Sombrio” tem atrativos para todos os públicos – ação, humor, romance, pancadaria, efeitos. E, embora não seja nenhum “Homem de Aço” – a deslumbrante tragédia familiar de Zach Snyder –, tem até certa densidade na relação dos irmãos, Thor e Loki. São antinômicos e desta vez Thor está disposto a restaurar a ordem no ‘’espaço’’, onde uma raça antiga liderada pelo rancoroso Malekith (o rei dos Elfos Negros)retorna para levar o universo de volta às trevas. O que mexeu muito com meu lado psicótico por ação, é que tal inimigo nem mesmo Odin e Asgard foram aptos a vencer tal vilão.

O mesmo lidera uma raça que foi subjugada há 5 mil anos pelo avô de Thor, Bor, e que se acreditava destruída. O líder dos elfos negros acorda de seu sono milenar para encontrar o Éter, arma capaz de trazer de volta a escuridão ao universo, e quando digo universo, digo todos, desde o universo do herói quanto o universo dos humanos. Como diz Anthony Hopkins numa cena, um filho quer demais o trono (Loki) e o outro prescinde dele (Thor). Há um twist final, mas, por mais que pense, você dificilmente conseguirá entender a reviravolta que põe fim à disputa – e que, na verdade, abre espaço para o 3. Podemos falar realmente que o público está amando Loki, tanto quanto o herói.

O melhor momento do filme, inclusive, é uma piada sensacional com a aparição inesperada de outro vingador, graças a Loki. Mas o dono do filme não poderia ser outro senão ele mesmo. Tom Hiddleston incorporou tanto o personagem, que nem precisa se esforçar para ser o mais carismático. Ele passeia, flutua pelas cenas e se diverte ao trabalhar mais uma vez com a característica mais marcante do Deus da Trapaça: a ambiguidade. Apesar de possuído pela fúria por acontecimentos em Asgard, foi incrível vê-lo interagir com o Rei do Trovão novamente. E digo mais: sem ele, este filme talvez não fosse tão bom quanto é, pois partindo de um ângulo mais crítico ainda, particularmente odeio pitadas de humor em filmes de herói, entretanto, mesmo injetando exageradamente essas doses, a trama consegue superar o primeiro filme brilhantemente. E pra não dizer que não falei dos protagonistas, Chris Hemsworth e Natalie Portman estão ok, nada demais. O romance recebe um enfoque que já era esperado, porém não incomoda, ao menos não em comparação com os reais defeitos da história.

 

 

Thor: O Mundo Sombrio” é muito bem feito e só tenho o que elogiar. Vai agradar você, seu pai, sua namorada, o seu priminho de 10 anos e a família toda. Alan Taylor substitui o diretor Kenneth Branagh trazendo um novo ar e visual à sequência, arquitetando cenas que passam de uma Londres sombria à belíssima Asgard, trabalhando com uma fotografia de cair o queixo. Tudo é grandioso e esteticamente belo, e os cenários são ainda mais megalomaníacos que os do primeiro filme. Ao contrário do fraco “Homem de Ferro 3“, que pecou pelo exagero e se perdeu em uma trama fraca, “Thor: O Mundo Sombrio” é um grande avanço da Marvel nos cinemas, superando o filme original. Este é o mais divertido e bem produzido filme do estúdio – atrás apenas de  “Os Vingadores: The Avengers” – e o enredo deixa pontas soltas para um terceiro filme que promete um embate ainda maior. E não se esqueça: fique para as duas cenas pós-créditos, que inclui uma ligação entre o universo estabelecido em Thor com o futurístico “Guardiões da Galáxia”.

 

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