Estrelado por Michael Douglas, Robert De Niro, Morgan Freeman e Kevin Kline, estreia nessa semana, dia 6 de dezembro de 2013, “A Última Viagem a Vegas”, uma comédia escrita por Dan Fogelman (“Carros” e “Enrolados”), dirigida por Jon Turtletaub (“A Lenda do Tesouro Perdido”), e distribuído pela Paris Filmes. Sem grandes pretensões, o filme revelou ser uma comédia leve, divertida, com um enredo fácil, para se esquecer dos problemas da vida e rir por pouco mais de uma hora e meia. Tecnicamente falando, é quase impecável (salvo os violinos baratos e melodramáticos), quanto ao enredo, possui alguns fatores bem questionáveis.

A primeira cena do filme já possui um quê de nostalgia, antecipando uma das temáticas abordadas. As crianças reunidas roubando uma garrafa de uísque logo criam um clima descontraído e divertido. Quando os personagens são reapresentados, temos a mesma sensação de nostalgia, como se já os conhecêssemos (talvez a escolha do elenco tenha sido feita justamente pensando nisso). Usando a desculpa de uma despedida de solteiro de um deles, Billy (Michael Douglas), o filme trata sobe autoconhecimento, fidelidade e amor, tanto no sentido conjugal quanto fraternal. Cada um dos quatro personagens possui um tipo de relação/problema a superar. Paddy (Robert De Niro) tem a morte da esposa Sophie para superar. Archie (Morgan Freeman) busca sua independência do filho e de sua saúde após um derrame. Sam (Kevin Kline) quer reencontrar a paixão que um dia sentiu por sua mulher, Miriam. Billy procura preencher o vazio por ter deixado escapar a mulher de sua vida, Sophie, por acaso a falecida esposa de seu melhor amigo Paddy. São relações complexas entre cada um e sua respectiva família e entre todos os quatro juntos, que buscam ao ir para a Las Vegas seus tempos de juventude que há muito se passou.

A fotografia e a montagem aí possuem um papel importante, com cores bastante saturadas e cortes rápidos passam a sensação de vivacidade agitação, a “badalação” típica de Vegas, porém sem desmistificá-la, incentivando o estereótipo e o glamour já pré-estabelecido por filmes do gênero. Mas também não é algo que realmente incomode ou atrapalhe o filme. O som, todavia, me chamou muito a atenção, principalmente na utilização do extracampo (elementos que fazem parte da narrativa mas que não aparecem em cena em um determinado momento). E, ao mesmo tempo em que temos esse mega ponto positivo, temos outro muito negativo, que é a utilização dos violinos e música sentimental nos momentos de revelações. Isso quebra completamente o fluxo narrativo da história.

 

 

Aproveito para puxar um gancho para as falhas no roteiro, que talvez o som estivesse tentando contornar. Não são falhas muito graves, de incoerência, mas fazem com que o filme não aproveite o potencial para o qual foi concebido, e isso tem relação direta com os violinos citados acima, pois essas emoções secretas que um e outro sentem, os amores e as dores deveriam ser revelados sutilmente, sem a necessidade de dizer ao espectador “ei, preste atenção nessa fala, agora vai ser revelado algo importante sobre o passado desse personagem!”. Isso empobrece enormemente qualquer filme que seja.

Mas isso são questões menores, que nem sempre precisam ser consideradas quando se quer ir ao cinema por puro entretenimento. Dentro do gênero, acredito que “Última Viagem a Vegas” tenha se tornado um dos meus prediletos (e sim, o elenco tem relação direta com isso), afinal tem tudo o que eu espero em uma comédia: piadas novas e engraçadas de fato, uma boa atuação, uma boa direção, um tratamento de som interessante e um enredo leve e divertido. Mesmo com algumas cenas e falas desnecessárias, essas questões ruins não chegam a atrapalhar diretamente a experiência.

 

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