“Django Livre“, faroeste sobre amor, escravidão e vingança ambientando pouco antes da Guerra de Secessão, estreou nos Estados Unidos no final de 2012 e chegou por aqui em 18 de janeiro de 2013. O filme foi alvo de uma série de críticas por conta do tema polêmico e do uso de algumas palavras hoje tidas como tabu. Além disso, a duração do filme (quase três horas…uff!) e a violência extrema, característica dos filmes de Tarantino, podem ter afastado alguns espectadores do cinema.
Nada disso, entretanto, impediu o sucesso do mais recente filme do famoso diretor, que conquistou muitos com um roteiro divertido e a presença de rostos conhecidos, como Christoph Waltz, Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington e Samuel L. Jackson nos papéis principais, e algumas participações interessantes, como Amber Tamblyn, que aparece uma única vez, e apenas por alguns segundos, como filha de um filho de um pistoleiro, ou mesmo do próprio Tarantino, como um traficante de escravos.
“Django Livre“, aliás, chamou a atenção até mesmo da Academia. O filme foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, roteiro original, ator coadjuvante, fotografia e edição de som, e acabou levando as estatuetas de melhor roteiro original, para Tarantino, e ator coadjuvante, para Christoph Waltz. Mas como é esperado de um filme de Tarantino, “Django Livre” não se destaca apenas pelo elenco e roteiro, mas também pela trilha sonora um tanto inusitada.
Quem é fã de Westerns reconhece de longe as composições originais de alguns dos filmes mais famosos do gênero, e quem sabe, arrisque até mesmo assobiar as melodias mais conhecidas. Mas mesmo que você nunca tenha assistido a um Faroeste, tem pelo menos uma ideia de como são as músicas tocadas nesse gênero de filme. O que dizer, por exemplo, da música tema do “Spaghetti Western Três Homens em Conflito“, criada pelo famoso compositor Ennio Morricone. Hoje em dia ela é símbolo dos filmes de “bang- bang”, e qualquer um a reconhece. Faça o teste agora no Youtube e veja se não estou certa.
Mas você imagina a possibilidade de um filme de Faroeste misturar essa instrumentalidade inconfundível com….Tupac? Pode parecer estranho, mas foi isso o que Quentin Tarantino fez em “Django Livre“. Há quem não goste muito disso. O próprio Ennio Morricone, que tem algumas músicas na trilha sonora do filme, e de quem Tarantino se intitula um grande fã, teria dito em uma palestra proferida em uma Universidade de Roma que apesar de respeitar o diretor, não gosta da maneira como ele trata a música.
Para o compositor, Tarantino posiciona as músicas de forma incoerente em seus filmes. O compositor teria afirmado inclusive que após “Django Livre” nunca mais pretende fazer parceria com o diretor. E só para ficar bem claro, as músicas de Morricone para “Django Livre” não foram compostas especialmente para o filme, porque segundo o compositor, Tarantino não o avisou à tempo sobre a parceria, e por isso o diretor acabou usando músicas que Morricone já havia composto há algum tempo.
Ainda que alguns tenham criticado duramente a escolha musical de Tarantino para um Faroeste, a maioria daqueles que assistiram ao filme tiveram uma boa impressão da trilha sonora. Uma das músicas mais lembradas de “Django Livre” talvez seja “Unchained”, um mashup das músicas “The Payback” e “Untouchable”, a primeira cantada por James Brown e a segunda por Tupac.
A música toca quase ao final de uma cena violentíssima de mais de 3 minutos regada a muito sangue e tiros. James Brown, o rei do funk, e Tupac, uma das lendas do rap norte-americano, ambos já falecidos, em um filme de faroeste? Só Tarantino mesmo para conseguir esse feito.
E as surpresas musicais não param por aí. Há no mínimo três músicas obrigatórias para os fãs do filme, mas que não parecem ter saído da trilha sonora de um Western: a elogiada “Who Did That to You”, do cantor de R&B John Legend; “Freedom”, música que fez sucesso nas paradas musicais da Europa, composta e interpretada pelos cantores de R&B e Soul Indie Anthony Hamilton e Elayna Boynton; e “100 Black Coffins“, do rapper Rick Ross, música que não agrada a todos mas que não deixa de ser intrigante, já que produzida pelo protagonista do filme, Jamie Foxx.
Ficou curioso? Então dá uma conferida no site oficial da trilha sonora do filme (AQUI), e ouça algumas das músicas de “Django Livre“:
1. “Winged” – James Russo (Diálogo)
2. “Django” (from Django) – Rocky Roberts & Luis Bacalov
3. “The Braying Mule” (from Two Mules for Sister Sara) – Ennio Morricone
4. “In That Case Django, After You…” – Christoph Waltz & Jamie Foxx (Diálogo)
5. “His Name Was King” (from Lo Chiamavano King) – Luis Bacalov
6. “Freedom” – Anthony Hamilton & Elayna Boynton
7. “Five-Thousand-Dollar Nigga’s and Gummy Mouth Bitches” – Don Johnson & Christoph Waltz (Diálogo)
8. “La Corsa (2nd Version)” (from Django) – Luis Bacalov
9. “Sneaky Schultz and the Demise of Sharp” – Don Stroud (Diálogo)
10. “I Got a Name” (from The Last American Hero) – Jim Croce
11. “I Giorni Dell’ira (Days of Anger)” (from Day of Anger) – Riz Ortolani
12. “100 Black Coffins” – Rick Ross
13. “Nicaragua” (from Under Fire)- Jerry Goldsmith featuring Pat Metheny
14. “Hildi’s Hot Box” – Samuel L. Jackson & Leonardo DiCaprio (Diálogo)
15. “Sister Sara’s Theme” (from Two Mules for Sister Sara) – Ennio Morricone
16. “Ancora Qui” – Ennio Morricone & Elisa
17. “Unchained (The Payback/Untouchable)” – James Brown & 2Pac (Jamie Foxx, Diálogo)
18. “Who Did That to You?” – John Legend
19. “Too Old to Die Young” – Brother Dege
20. “Stephen the Poker Player” – Samuel L. Jackson (Diálogo)
21. “Un Monumento” (from The Hellbenders) – Ennio Morricone
22. “Six Shots Two Guns” – Samuel L. Jackson & Jamie Foxx (Diálogo)
23. “Trinity (Titoli)” (from They Call Me Trinity) – Franco Micalizzi & Annibale with I Cantori Moderni di Alessandroni
Confira os posts anteriores:
[TRILHA SONORA] – Cinematopeia de “Os Croods” #02