Se formos considerar a quantidade de atentados que os Estados Unidos receberam apenas em sua capital no cinema, sem dúvidas a Casa Branca e o Capitólio figuram na lista de lugares menos seguros do mundo, por mais que detenham do mais alto padrão de segurança. Um pouco mais contido no catastrofismo, o diretor Roland Emmerich (“2012”, “Independence Day”) mostra que em “O Ataque” (“White House Down”) a ameaça não vem do Oriente Médio, mas de dentro dos prédios do governo.

Escrito por James Vanderbilt (“O Espetacular Homem-Aranha”, “Zodíaco”), o primeiro arco do filme procura estabelecer seus personagens, o presidente James Sawyer (Jamie Foxx) e sua determinação humanista, sempre procurando confiar nos seus agentes, em especial a prestativa Carol Finnerty (Maggie Gyllenhaal), que acaba recebendo em seu escritório um antigo conhecido, John Cale (Channing Tatum), um segurança do presidente do Congresso que está longe de ser qualificado como um agente pessoal do Presidente do país. Cale acompanha a filha Emily (Joey King) por uma visita guiada pela Casa Branca, e é fácil perceber que os dois não têm a melhor relação: a figura do pai ausente que se esquece dos eventos escolares dos filhos. No entanto, começam os ataques no local e vem à tona todo aquele sentimento de proteger a pessoa amada. Sem se preocupar em esconder os terroristas, Emmerich os dispõe nos planos descaradamente (e os atores colaboram com suas feições mal-encaradas), mas essa evidência acaba por denunciar seus atos antes mesmo de suas consecuções e dos vídeos que Emily envia para o YouTube via celular.

Seria redundante dizer que o Presidente Sawyer vivido por Foxx é uma personificação de Barack Obama: um homem carismático que não nega seu lado pop, deixando de lado os sapatos formais para calçar seu confortável par de “Jordans” e que se aproxima das pessoas e, além de tudo, busca trazer a paz ao povo, mesmo que isso acarrete em perder alguns soldados no campo, fator que leva as motivações dos antagonistas liderados por Emil Stenz (Jason Clarke, canastrão). Tatum aos poucos vai se revelando um bom ator, a determinação de seu personagem é convincente e o entrosamento com Jamie Foxx é interessante, rendendo bons incidentes de ação e até mesmo algumas piadas feitas na hora certa.

Claro que um filme assinado por Emmerich precisa ter muita catástrofe, mas diferente de seus outros filmes, que possuíam elementos até que convincentes, o cuidado com os efeitos visuais aqui são grosseiros. Apesar do merecido esforço da direção de arte em recriar a Casa Branca, as sequências fora da mansão beiram a artificialidade por completo, como na cena em que helicópteros voam baixo pelas ruas de Washington ou as centenas de populares interagindo nos arredores da Casa Branca, e o que dizer das explosões? Com tanta destruição e tiros, pareceu muito estranho que os efeitos sonoros estivessem abafados, pouco impactantes.

 

 

Como de costume nos filmes do diretor, o foco na relação desenvolvida pelas personagens é bem estabelecido e o que por vezes salva o andamento do filme, como na divertida cena em que os personagens de Foxx e Tatum tentam escapar com um carro e o presidente empunha uma arma de grande porte, enquanto Gyllenhaal traz sua habitual serenidade para a tela. Questões políticas a parte (com direito a inferências sobre a indústria bélica dominar o governo), “O Ataque” deve agradar àqueles que curtem ver uma destruição em cena e ainda testemunhar, fingindo ser novidade, como a nação estadunidense pode (pela enésima vez) se reerguer dos escombros.

 

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