Considerando ser a sexta aparição do Wolverine num filme dos X-Men, parecia que mais um filme solo do herói seria, no mínimo, entediante, afinal ele sempre foi o protagonista nos filmes anteriores dos “filhos do átomo”, exceto em “X-Men: Primeira Classe”. No entanto, o que se vê nesse novo filme do mutante é uma aventura bem dosada e até mesmo revigorada.

 

Logan/Wolverine (Hugh Jackman) está recluso, cabelo e barba desgrenhados e compridos, além de ter feito a promessa de que nunca mais feriria alguém, uma vez que ferira mortalmente sua amada Jean Grey/Fênix (Famke Janssen) em “X-Men: O Confronto Final”, que agora aparece em seus sonhos fazendo-o questionar sobre sua invulnerabilidade. A paz de Logan dura pouco, uma vez que caçadores alvejam um urso com veneno e o mutante decide se vingar pelo animal e é aí que a japonesa Yukio (Rila Fukushima) o encontra e o convence a ir para o Japão a convite de um antigo amigo, o senhor Yashida (Haruhiko Yamanouchi), que está prestes a falecer. Já em Tóquio, Logan toma conhecimento de que pode se tornal mortal graças à tecnologia que Yashida detém, transferindo seus poderes de cura para outra pessoa (no caso, o velho). O legado das empresas Yashida ficará para a neta, Mariko (a bela Tao Okamoto) e claro que isso trará muitos problemas e ameaças à família, supostamente envolvendo a Yakuza, e fica iminente que Wolverine protegerá a moça, entre atentados a perseguições pelas ruas de Tóquio.

Quase um fator crucial em outros filmes de super-heróis recentes, em “Wolverine: Imortal” também há espaço para mostrar seu personagem principal desprovido de seus poderes em situações tensas, mas ele não mede esforços para deter os vilões, e muito disso se deve à competência e evolução de Jackman como ator, além do trabalho excepcional do diretor James Mangold que soube lidar muito bem com o elenco japonês, fazendo com que haja uma ótima empatia com o público, vindo principalmente da personagem Yukio, tornando-se praticamente uma guarda-costas de Wolverine quando ele perde seu fator de cura. Já a vilã Víbora (Svetlana Khodchenkova) não deixa barato, destilando suas habilidades viperianas como envenenar e a muda de pele/escamas, mostrando ser uma autêntica femme fatale russa, embora solte alguns momentos de canastrice.

O roteiro assinado por Mark Bomback, Scott Frank e Christopher McQuarrie é bem dosado e empolgante, há espaço para o drama e para as frases de efeito, além das cenas de ação que envolvem muitos duelos de pistolas, katanas e as garras de adamantium (a katana de Yukio é párea para uma Hattori Hanzo, se duvidar!), sem deixar de mencionar a ótima cena do trem-bala que rende ainda boas risadas. O estilo das cenas por vezes funcionam como uma fase de vídeo-game, mas nada que comprometa demais o andamento da narrativa. Procurando reduzir o número de mutantes e voltando-se mais aos personagens principais, dando profundidade a eles, o roteiro também acerta em cessar aquele papo do Logan desconhecer seu passado (algo que tomou tempo de tela demais nos títulos anteriores) e mostrar um herói que, curiosamente, está mais preocupado em defender a si mesmo e aqueles que ama do que enfrentar uma ameaça global.

Apresentando uma ótima conversão em 3D, “Wolverine: Imortal” é bem executado, superando expectativas, e se Logan continuar do jeito que foi apresentado neste, não será de todo o mal aturá-lo mais uma vez como protagonista do vindouro filme “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido” e, se duvidar, do “X-Force” também. Ademais, há uma excelente cena pós-créditos que torna inferiores a maioria das feitas nos filmes da Marvel Studios.

 

 

P.S.: Durante uma cena em que Wolverine e Mariko estão no centro de Tóquio, é possível notar que em segundo plano há um figurante usando um boné preto com um símbolo bem peculiar que remete bem ao “teioso”. Proposital ou não, o desejo de unificar o Universo Marvel vem cada vez mais à tona e procura aparecer até nas entrelinhas dos filmes.

 

 

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[CRÍTICA #02] – Wolverine: Imortal por Gabriel Lisboa

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