Baseado no romance de David Levithan, o filme “Todo Dia” conta uma história sobre o amor e como precisamos olhar para as pessoas além das aparências.

O filme conta a história de um/uma personagem que se denomina A. Um espírito que habita um novo corpo todos os dias (e por isso, são mais de 15 atores que interpretam esse personagem). ‘A’ não tem um corpo real. Sua vida é sempre ocupar um novo corpo todos os dias, seja ele de um menino ou menina. E assim, tentar viver a vida dessa pessoa da forma mais comum possível. Porém, quando A. acorda no corpo de Justin (Justice Smith) e se apaixona pela namorada dele, Rhiannon (Augourie Rice), tudo muda. Depois desse dia, A continua a acordar em corpos diferentes, mas sempre apaixonadx por Rhiannon e tentando conviver com ela o máximo possível.

O filme é voltado para o público adolescente, pois é uma história ótima para jovens entre 14 e 18 anos. No entanto, o filme é muito mais que um romance adolescente. Ele fala sobre amar sem olhar para a aparência. Sobre olhar para a personalidade e a alma de uma pessoa para amá-la de verdade. 

Como é baseado em um livro, é difícil não comparar o filme com a versão original. No livro, essa narrativa é muito interessante, pois é difícil dizer se A é um menino ou uma menina. Depende da maneira com que o leitor lê o livro. Durante os capítulos, podemos explorar os pensamentos de A e olhar o mundo de uma perspectiva diferente. Isso porque A passa a vida toda vivendo em diferentes corpos e casas, então sua perspectiva de como o mundo funciona é incrível. A vê o mundo de uma maneira bonita. Sempre tentando focar apenas nas coisas boas, pois considera que elas são a única parte que realmente importa manter conosco.

Mas o ruim é que isso não é bem explorado no longa. Toda a questão de ‘A’ não se identificar com um gênero específico, é uma parte incrível mostrar para jovens. Mas é comentada de forma rápida e muito rasa. Seria muito importante esse tipo de narrativa para jovens, para que eles vissem uma forma de se expressar e de amar que não precisa de uma definição específica. Mas que leva em conta o sentimento, muito mais do que uma aparência.

O motivo de não focar tanto em A é porque o filme tem uma visão muito voltada para o lado de Rhiannon. David Levithan escreveu a história de A e Rhiannon em dois livros. ‘Todo Dia’, que tem o ponto de vista de A e ‘Outro Dia’, que tem a visão de Rhiannon sobre a mesma história. O filme combina esses dois livros. Então é muito triste ir ao cinema e não ver as partes mais importantes da história de ‘A’. É como se o filme estivesse incompleto. 

 

Ao mesmo tempo, com o foco voltado para Rhiannon, o longa explora muito o relacionamento familiar. Como tentar entender e aceitar as mudanças que acontecem na família. Mas principalmente, sobre entender a perspectiva de vida de cada um. O filme também conta com uma boa fotografia e trilha sonora. Ele lembra um pouco do filme “Tudo e Todas as Coisas”, que tem como foco adolescentes, utilizando de belas imagens, músicas atuais e uma mensagem de amor muito boa no final.

A mensagem principal de “Todo Dia” é sobre olhar para as pessoas de uma forma gentil e empática. Tentando descobrir mais do que a pessoa querem nos mostrar. Além de ficar conectado com aqueles com quem mais nos preocupamos, como nossa família e amigos. E além disso, não se preocupar tanto com o que os outros irão pensar de nós. 

É um filme simples e bonito. Mas, se fosse melhor explorado, poderia agregar muito às conversas e discussões de gênero entre jovens.

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