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Quando saiu os indicados ao Oscar 2015, mesmo que esse ano algumas surpresas (das boas, por sinal) tenham ganhado destaque entre os nomeados (“Sniper Americano“, Marion Cotillard, “Whiplash“, Laura Dern, Paul Thomas Anderson, etc…), é sempre bom falar como as apostas prévias estão lá também, fazendo o seu serviço comercial de sempre. “A Teoria de Tudo“, “Birdman“, “O Jogo da Imitação“, “Boyhood“, para citar os filmes mais óbvios a concorrer nas categorias principais, são talvez os filmes mais bem vendidos dessa temporada. “Boyhood“, entretanto, mais pelo praise da crítica do que qualquer outra coisa.

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Eu particularmente adoro acompanhar a campanha dos filmes até o momento que culmina na vitória dos mesmos na premiação do Oscar (que mesmo com seus equívocos, obviedades e injustiças, ainda é o prêmio que reserva momentos únicos pra História do Cinema mundial). E o melhor de tudo, é que nessa época a gente pode discutir sobre o que houve de bom e ruim durante o ano sem ter medo de saturar. É nessas discussões, aliás, que surge o questionamento da validade de obras como “A Teoria de Tudo“. A história que supostamente deveria ser uma biografia do físico Stephen Hawking sob a perspectiva de sua ex-esposa (Jane Hawking, que escreveu o livro qual o filme se baseia), é sem dúvida um filme que almeja alguma coisa, mas está bem longe de ser sua verdade.

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Travestido de um romance à lá “A Culpa é das Estrelas“, a vida do físico ganha um contorno mais sentimental, ora poético, sobre como ele conheceu sua esposa e, ao mesmo tempo, descobriu ter uma doença que afetou os movimentos de seu corpo para sempre, além, claro, de sua teoria sobre o tempo e a origem do universo (qual dá o título ao longa). Embora o elenco encabeçado por Eddie Redmaine e Felicity Jones se esforce ao máximo para representar com verossimilhança a vida do casal, a maneira como a história é contada se torna bastante questionável ao olhos do espectador, principalmente porque parece que James Marsh e seu filme subestimam a capacidade de quem assiste em assimilar o que é realidade e o que é ficção -para além do que é maquiado para ser comercialmente vendável, é claro. E apesar de eu ser um grande defensor da liberdade poética, já que pouco me importa que o filme seja baseado num livro ou no Wikipédia, que seja, mas é imprescindível aqui como a humanidade daqueles personagens se torna um ensaio sobre um romance adolescente extremamente meloso e sentimentalista. Jane Hawking, cuja trajetória é, talvez, igualmente importante e valiosa para se compreender o lado obscuro do gênio de Stephen, acaba se tornando um mero objeto dentro de sua própria narrativa (já que o filme é realizado sob sua perspectiva) para viabilizar uma história de amor que parece enxergá-la como uma criminosa pelos sentimentos que cultivou ao longo dos duros anos ao lado de seu marido. O que Marsh apresenta aqui é uma visão bastante distorcida para o que deveria ser a libertação de uma grande mulher por trás do suposto grande homem que é Stephen Hawking nesse filme.

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