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Antes de ir ao cinema você pensará,mais um filme sobre guerra, mais um filme sobre um grande cidadão americano que dedica sua vida a servir o país, mais uma história sobre como o ataque às torres gêmeas mudou a vida de muitas pessoas (americanas). Dentro do mais do mesmo “American Sniper”, ou “Sniper Americano” dirigido pelo já consagrado Clint Eastwood, conta a história do maior franco-atirador da história dos Estados Unidos da América, e consegue até se sair bem dentro da baixa ambição na qual se permitiu.

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O filme começa de forma muito interessante expondo a indecisão de Kyle em atirar ou não em uma criança transportando uma granada, porém esse pontapé inicial denunciou uma complexidade que não se mostrou da forma como deveria, pelo contrário, por muitas vezes o personagem de Kyle é absolutamente previsível. A cenografia é muito boa, o filme é muito bem ambientado, sem exageros, a fotografia acinzentada ajuda o espectador a perceber a sujeira que é aquele lugar, onde a cor mais bonita a ser vista é o vermelho do sangue das pessoas que se espalham pelas paredes e pelo chão. Bradley Cooper foi indicado ao Oscar por sua interpretação de Chris Kyle, seu trabalho é absolutamente competente, o ator engordou para ficar mais parecido fisicamente com o verdadeiro Kyle, seu trabalho de voz e sotaque é impecável e sua presença dentro da narrativa é excelente,nota-se ele be ma vontade interpretando um soldado.

O filme de Eastwood modela representações norte americanas num contexto norte americano pois é a respeito da própria identidade que um artista pode, com verdadeira consciência, dissertar. Enquadrar uma história em um terreno específico não significa, nem de longe, dar as mãos a um suposto imperialismo. Não significa fazer pouco caso das guerras, mais especificamente a Guerra do Iraque, tampouco significa ignorar questões políticas pertinentes ao conflito. O que muita gente prefere não considerar é que, ao contar uma história, o autor cria uma narrativa, constrói sentidos que se relacionam culturalmente com o autor e suas representações. Uma cartilha do que e como fazer é dispensável ao construir um filme envolvente e interessante.

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Durante os dez primeiros minutos somos apresentados a Chris Kyle, em momentos específicos de sua infância e juventude que ressaltam como, desde os primórdios, sua relação com a violência fora naturalizada e exaltada pela sua criação rigidamente texana, seu pai servindo como oráculo dessa naturalização, ensinando princípios técnicos/práticos (como nunca deixar o “rifle na sujeira”) e, principalmente, filosóficos, através da parábola do lobo, da ovelha e do pastor alemão. Segundo o pai de Kyle, há três tipos de pessoas no mundo. As ovelhas, que fazem o que lhes é ordenado, os lobos, que matam traiçoeiramente as ovelhas, e os pastores alemães, que matam os lobos. À primeira vista, Kyler certamente seria um pastor alemão. E para aqueles que criticam o filme por um patriotismo exacerbado, o personagem interpretado por Bradley Cooper permanece nessa identidade durante todo o filme. O soldado não consegue, porém, manter o equilíbrio na sua vida, sendo arrastado para longe de sua família, de seus amigos, de sua nação, em direção a uma batalha que o fere cada vez mais profundamente. Entre as quatro excursões que faz ao campo de batalha, os tempos em que Kyle passa em casa são mais e mais escassos, mais e mais insólitos.

Por mais que existam poucos grandes acontecimentos no roteiro, a edição bem realizada faz com que o filme seja agradável de forma que não fique maçante, é possível se envolver com trama e com o personagem de Bradley Cooper, que é exageradamente o foco do enredo. Senti falta de mais investimento do elenco de apoio, a sensação é de que ninguém mais é importante, tudo gira em torno de Chris Kyle, e a falta de subtramas acaba deixando o filme raso, sem conexões consigo mesmo. “Sniper Americano” é apenas mais um filme de guerra dos tão patriotas estadunidenses, é um bom filme, bem ambientado, bem atuado, bem montado, não oferece absolutamente nada de novo.É filme agradável, bem ritmado, feito de americanos para agradar os americanos, sua indicação ao Oscar é exagerada, e aconteceu por comoção dos tantos americanos membros da academia e/ou uma tentativa de promovê-lo comercialmente. Mas acima de tudo é um filme que vale a ida ao cinema.

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O elenco do filme é composto por Bradley Cooper, Sienna Miller, Luke Grimes, Jake McDorman, Keir O’Donnell, Kyle Gallner e direção de Clint Eastwood.

Confira as nossas críticas:

Crítica 01 | “Sniper Americano, por Thiago Cardoso

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