
“Homem com H“, cinebiografia dirigida por Esmir Filho, retrata a trajetória revolucionária de Ney Matogrosso, com destaque para a atuação magnética de Jesuíta Barbosa. Uma cinebiografia sensível, vibrante e necessária.
Uma trajetória poética em forma de cinema
Em “Homem com H“, Esmir Filho transforma a história de Ney Matogrosso em um espetáculo visual e emocional que reverbera como suas músicas: visceral, libertário e impossível de ignorar. A cinebiografia acompanha desde sua infância em Bela Vista (MS), marcada por embates familiares e repressões, até o estrelato absoluto como símbolo da música e cultura brasileira — seja nos palcos com o Secos & Molhados, seja em sua carreira solo desafiadora e expressiva.
Jesuíta Barbosa está gigante

A alma do filme reside em Jesuíta Barbosa, que entrega, aqui, a performance mais ousada e completa de sua carreira. Ele não imita Ney — ele o incorpora. A voz, os olhares, os silêncios, a energia performática, tudo pulsa com verdade. O espectador não vê o ator: vê Ney Matogrosso se reinventando a cada fase da vida. A entrega física e emocional impressiona, assim como a naturalidade com que transita entre fragilidade e explosão.
Montagem, trilha e poesia visual
“Homem com H” é uma obra que não tem pressa — e isso é uma virtude. O ritmo contemplativo permite que o público mergulhe nas camadas do artista, acompanhando amores, perdas, rupturas e renascimentos. A montagem é fluida e sensível, alternando com elegância entre diferentes momentos da vida de Ney. A fotografia realça a atmosfera libertária e sensual que ele sempre transmitiu nos palcos. Já a trilha sonora é um espetáculo à parte, conduzindo a narrativa com clássicos que ganham nova força na tela.
Mais do que uma biografia, um manifesto de existência

“Homem com H” não se contenta em apenas contar fatos. Ele sente Ney Matogrosso. É um filme que entende o poder de sua arte e de sua coragem — especialmente em um Brasil autoritário e conservador, como o dos anos 70. O longa reflete também sobre masculinidade, sexualidade, censura e liberdade, sem nunca perder a ternura. Ney é mostrado como um corpo em constante transformação, um artista que fez da ousadia o seu lar.
Vale a pena assistir Homem com H?
Com certeza. Esta não é apenas uma cinebiografia — é um convite a viver, amar e existir sem filtros. “Homem com H” é cinema que pulsa, emociona e inspira. Para quem ama música, arte, história e personagens que desafiaram o mundo com poesia e coragem, é uma experiência imperdível.
Nota CineOrna: ⭐⭐⭐⭐☆ (4/5)
Indicado para: fãs de Ney Matogrosso, amantes de cinebiografias intensas, interessados na cultura musical brasileira e em narrativas de resistência.