Após uma sequência de atos que acabaram tornando a Terra um planeta completamente inabitável, a humanidade abandonou seu planeta de origem, notificando-o como “o lugar mais perigoso de todo o universo”. Mas aqui, diferente de “Wall-E”, em que gerações de homens passaram 700 anos em pleno sedentarismo pelo espaço afora na nave Axiom, em “Depois da Terra” um milênio foi corrido após o êxodo, se instalando no planeta Nova Prime e tendo que combater as ursas, seres meio insectoides sensíveis ao feromônio do medo dos humanos, aniquilando estes assim que percebem o cheiro. Para enfrentar tais criaturas, existe a Força Ranger Unida, soldados que são preparados para não sentir medo e dentre eles está Cypher Raige (Will Smith), cujo filho Kitai (Jaden Smith) se empenha na tarefa de ser um exímio Ranger assim como ele. Contudo, a relação praticamente militar de pai e filho, aliada a traumas do passado, impede que Kit se mostre apto em campo, sempre receoso de não orgulhar o pai.
É numa colisão forçada na Terra, após uma expedição especial e um desvio via buraco de minhoca, e Cypher, impedido de andar devido a um grave ferimento nas pernas, ficando recluso na nave, que Kitai necessita encarar esse mundo estranho a ele, precisando até mesmo exalar o oxigênio de seus pulmões, sobreviver ao clima instável diário e enfrentar animais, estes menos ofensivos quanto suposto. Na tentativa de explorar o relacionamento entre pai e filho, sente-se que tal desenvolvimento é praticamente mínimo, uma vez que o outrora sorridente Smith-pai pouco movimenta seus músculos faciais, se expressando de forma completamente apática e, senão, um mínimo de melhoria na relação é visto durante o decorrer da narrativa. Impedido, após certo ponto, de se comunicar com Cypher (que já não era de grande ajuda, visto que eram mais repreensões ao invés de auxílio), cabe a Kit confiar nos seus instintos e impedir que o passado lhe impeça mais uma vez de falhar no seu iminente teste final.
Relativamente superior a “Oblivion”, que me pareceu mais um longo vídeo-clipe para a trilha musical da banda M83, “Depois da Terra” tem seus méritos, como os bons temas do compositor James Newton Howard, as locações naturais, além dos animais e até o ambientes futurísticos suficientemente convincentes, mas peca em optar por um enredo simplório, levando em conta que foram escritas páginas e mais páginas com uma história pregressa a dos acontecimentos narrados*, o que garantiria aprofundamento e algo talvez mais interessante. O suspense, que era tão comum nas primeiras obras do diretor, é contado nos dedos. Com isso, o sci-fi M. Night Shyamalan, e produzido pela família de Will Smith, fica aquém dos consagrados títulos que viajaram pelo espaço e, por mais esteticamente desagradáveis que fossem, tinham por si só maior impacto e personagens comoventes.
* No site oficial (http://www.afterearth.com, em inglês) é possível conhecer mais do universo criado para o filme.
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