“Big Little Lies” – “Who’s Dead“
Revelações
Em sua nova minissérie, a HBO decidiu por pegar pesado em relação a equipe de produção e elenco de sua nova empreitada. Contando com nomes como David E. Kelly (criador de “Ally Mcbeal“), Jean Marc-Valleé (indicado ao Oscar) e as vencedoras do Oscar Reese Witherspoon e Nicole Kidman, “Big Little Lies” é uma abordagem inusitada e totalmente impressionante ao mundo das minisséries.
Dividida em sete episódios, todos baseados no livro de mesmo nome, a série conta a história da cidade de Monterey na Califórnia, residência de milionários que vivem usam de suas extravagâncias como modo de criar qualquer tipo de razão para viver, por conta do vazio imenso de suas mentes e consciências.
O foco principal da trama é o relato de que em um dia, em uma certa festa um assassinato ocorreu, e que o mesmo abalou imensamente os moradores da cidade. Não existe a revelação de quem foi assassinado, ou de quem o cometeu, por esse modo a série busca por mostrar quem possa os envolvidos nesse homicídio, e como todos eles possam ser os possíveis culpados pelo crime.
Por meio de depoimentos feitos pelos moradores da cidade, o episódio discorre seu enredo focado nos relatos desses mesmos sobre os envolvidos na festa e no incidente. Com base em três peças chaves desse evento, três simples donas de casa que se envolveram de alguma forma no assassinato.
Começando por Madeline Mckenzie, mãe de duas filhas e atualmente em seu segundo casamento, Madeline sofre de total inquietação por ter sido trocada por uma mulher mais nova, suas dores não se curaram em seu segundo casamento, que apenas foi feito para que sua imagem não fosse totalmente destruída. Com crises na criação de suas filhas, ela busca por encher sua cabeça com atividades fúteis que talvez a façam esquecer de suas angústias. , sem qualquer tipo de timidez, e totalmente aberta a todas, Madeline se mostra a mais perigosa de todas, apesar de sua generosidade e simpatia em frente a todos, ela está disposta a fazer o que quiser para estabelecer sua presença e suas decisões. Uma personagem forte e muito bem escrita, e é claro que serviu perfeitamente a Reese Witherspoon, que dá uma de suas melhores perfomances de sua carreira, sua veracidade e profundidade mostram a dedicação da atriz em relação ao projeto.
Celeste Wright é talvez a mais discreta das donas de casa de Monterey, simples, silenciosa e totalmente fechada em relação a imagem de sua família. Conhecida por ser casada com um homem anos mais novo que ela, ela é criticada por muitos na cidade por suas atitudes infantis em seu relacionamento com o marido. Atormentada por sua própria vida, ela se arrepende de ter largado de sua carreira para cuidar de seus filhos. Sua vida, apesar de parecer perfeita, se mostra exatamente o oposto disso quando revelado que Celeste sofre de um relacionamento abusivo com o bem sucedido Perry, que inescrupuloso usa de suas vantagens físicas e supostamente sociais como forma de rebaixar e mal tratar sua esposa. Embora sofra desses abusos, a dona de casa se recusa falar sobre o assunto, e prefere por sofrer em meio ao silêncio doloroso todas as noites, enquanto teme por sua vida todos os dias quando deita com o homem que pode acabar com sua vida em qualquer momento, por conta de uma simples crise raiva. Com uma personagem completamente complexa e cheia de camadas, Nicole Kidman demonstra que consegue trabalhar com todos os tipos de texto, e consegue atingir todas as etapas dessa personagem muito bem escrita, mesmo que contida essa é uma ótima perfomance.
A mais nova dona de casa de Monterey, Jane Chapman é talvez a mais misteriosa de todas, com um passado desconhecido e um tanto quanto suspeito, a jovem mãe solteira tenta reiniciar sua vida e criar seu filho em meio a um passado cheio de segredos e pecados. Tímida e muito fechada, em pouco tempo ela se torna amiga de Madeline e Celeste, que a mostram a cidade e modo de vida de seus moradores. Ela guarda segredos que possam custar sua vida, com visões de uma mulher correndo em uma praia, e pessoas armadas a atacando, ela vive insegura e com medo em sua própria, precisando até de uma arma para se defender. Fora das telonas, longe dos roteiros famintos por dinheiro e dos clichês impostos aos jovens atores de Hollywood, Shailene Woodley mostra que merece respeito e reconhecimento por sua atuação na série, com uma performance detalhada e concreta, ela consegue mostrar um lado adulto e obscuro de sua personagem sem fugir da realidade, outra grande atuação desse incrível elenco.
Os nervos ficam a flor da pele quando no dia de apresentação da escola dos filhos de Jane, Celeste e Madeleine um acontecimento esquenta a relação entre as mães. O filho de Jane, Ziggy é acusado de ter estrangulado sua colega de classe Amabella, filha da poderosa mãe trabalhadora Renata Klein, uma mulher que torce para que confusões aconteçam, e que ela possa participar das mesmas. Os relatos dos moradores de Monterey afirmam em seus depoimentos que foi esse momento que acendeu a pólvora que levaria a explosão ocorrida na festa. Quando perguntado se foi o culpado do incidente, Ziggy afirma que não foi ele, e Jane acredita em seu filho e o proíbe ele de pedir desculpas por algo que não fez, o que só gera raiva em Renata.
Ao lidar com o topo da camada social, “Big Little Lies” traça uma linha muito forte em relação a suas críticas e temas, lidando com temas de imensa importância em nossa sociedade atual. A representação da mulher é trabalhada de forma incrível, pelo simples fato de que as mulheres que trabalham e cuidam de seu lar são criticadas. Tramas de agressão são utilizadas de formas reais e cruéis, a primeira agressão de Perry a Celeste assusta e cria uma tensão em quem assiste, pois, como pode o homem que é tão apaixonado por sua esposa agredi-la dessa forma? O caráter de suas personagens são jogadas na lama, as maquiagens borram, e as verdadeiras faces são expostas nesse primeiro episódio que mostra quem nem tudo que reluz é ouro, que aqueles que mais aparentam felicidade são os que mais sofrem por dentro, Celeste por exemplo, precisa constantemente postar fotos em suas redes sociais como forma de mostrar aos outros de que é feliz achando que isso talvez crie alguma felicidade em sua vazia vida.
Transtornos de personalidade e caráter são temas constantes e muito bem trabalhados, todas as personagens sofrem por suas inquietações, sofrem por seu silêncio, pelo simples fato de não poderem expressar seus reais sentimentos com medo de julgamentos. Essas inquietações são as mesmas que não as permitem dormir a noite com medo do dia que virá, e com medo de que o pior pode piorar ainda mais. São personagens totalmente complexas apesar de suas fachadas, um grande estudo moderno da vida da camada social mais elevada.
O episódio ainda conta com uma edição incrível, uma ótima e refrescante fotografia, e uma direção calma mas que ajuda a contar a história muito bem. Um grande episódio, com um elenco e roteiro maravilhosos e que já podem receber suas indicações ao Emmy, um início de série impressionante e chocante durante muitas vezes.
9,5/10: Incrível!
O que você achou de “Big Little Lies“, comente sua opinião aqui embaixo!
Espero que tenham gostado e que continuem a acompanhar as críticas de “Big Little Lies” e de outras séries aqui no site!
Não deixe de conferir as novidades do CineOrna através das nossas redes sociais:
Facebook | Twitter | Filmow | G+ | Instagram | Tumblr | Pinterest | YouTube