Quem não ama os filmes “Antes do Amanhecer” e “Antes do Pôr-do-Sol”?! Se sua resposta é “eu”, muito provavelmente é porque nunca assistiu aos filmes e, portanto, ficará um pouco perdido com o lançamento de “Antes da Meia-Noite”, terceiro filme da série. Apesar dos títulos e de ter formado agora uma trilogia, não se engane, essas histórias estão bem longe de se parecerem com os romances juvenis que conhecemos.
Aqui, a trama gira em torno de um casal, sim, mas um casal de carne e osso, com o qual podemos identificar a nós mesmos e a nossos amigos. Com conflitos comuns, de grande ou pequena proporção, Antes da Meia-Noite segue a linha de roteiro realista baseado principalmente no diálogo entre seus dois personagens principais: o americano Jesse e a francesa Celine. O casal é interpretado por Ethan Hawke e Julie Delpy, também responsáveis pelo roteiro, juntamente com o diretor Richard Linklater, fator que facilita a improvisação já comum nas duas partes anteriores e ainda ajuda a transmitir a química perfeita existente entre os atores.
Jesse e Celine se conheceram em 1995, quando compartilharam uma viagem de trem e algumas horas de muita conversa pelas ruas de Viena, e é este encontro que acompanhamos no primeiro filme, “Antes do Amanhecer”. Enquanto um encantava o outro, ambos encantavam os espectadores, que esperaram por nove anos para que pudessem descobrir em “Antes do Pôr-do-Sol” o que aconteceu com o promissor jovem casal.
Agora, no terceiro filme da série sabemos que o final foi feliz para Celine e Jesse, porém suas vidas estão longe de parecer com um conto de fadas. Dessa vez, beirando a meia-idade, seus conflitos vêm da família e do cotidiano. Jesse sofre com a distância do filho que teve em seu primeiro casamento, que mora nos Estados Unidos e entra agora na adolescência, já Celine se recusa a chegar perto do papel de mulher submissa que faz tudo pelo marido.
O cenário da vez é a Grécia, que inspira nossos protagonistas e proporciona um belíssimo pano de fundo para as já famosas caminhadas do casal. A reunião em um almoço no início do filme com outros casais de pensamentos e comportamentos diversos, é o que faltava para atiçar a análise deles para sua vida a dois, ou a quatro, já que nesta terceira parte somos apresentados a suas adoráveis e ruivas filhas gêmeas.
Apesar de seus personagens conflituosos, é impossível não sentir empatia por eles e mergulhar em seus questionamentos sem pensar duas vezes. Assim, somos novamente testemunhas de seu relacionamento, suas escolhas e pontos de vista como indivíduos. Agora é esperar mais alguns anos para que possamos revisitar este casal que nos carrega em uma onda de veracidade em apenas algumas horas de seu dia.
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