Até onde a consciência humana, aliada à tecnologia cada vez mais sofisticada, pode chegar? O Exoesqueleto de Nicolelis que fez com que um paraplégico chutasse uma bola na abertura dos jogos da Copa do Mundo mostrou que é possível, ainda que a passo lento, a descoberta de novos potênciais da mente e da neurociência. E se nossa inteligência fosse quantificável a sinais elétricos e pudesse ser copiada para um back-up, ampliando nossos limites? É com um desenvolvimento bastante limitado que “Transcendence: A Revolução” (qual a necessidade de um subtítulo?) procura demonstrar o que aconteceria quando, diante de uma fatalidade, a esposa de um cientista decidisse salvar a memória de seu amado a fim de preservar  suas emoções e seu tão ambicioso projeto científico.

 

Dirigido por Wally Pfister, mais conhecido pelos trabalhos de direção de fotografia dos filmes de Christopher Nolan até “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge“, o diretor “iniciante” aqui parece simular o estilo de direção característico do colega, introduzindo ocasionalmente planos sempre com movimentos suaves e de aproximação, sem contar que a maior parte do elenco já esteve presente nos filmes anteriores do diretor inglês. Escrita por Jack Plagen, a narrativa começa anos depois dos eventos principais mostrando um mundo sem Internet, com o cientista Max Waters (Paul Bettany) relembrando os amigos também cientistas Will Caster (Johnny Depp) e sua esposa Evelyn (Rebecca Hall). Voltando no tempo, acompanhamos Will e Evelyn sediando uma palestra com o polêmico tema da inteligência artificial, inclusive pondo o nome de Deus no meio. Apresentando uma sequência com uma boa montagem paralela, o cientista e sua equipe, localizada num laboratório, então, são vítimas de atentados por um grupo de “terroristas”, baleando Caster e envenenando-o letalmente, o que o deixa com pouco tempo de vida. Apaixonada pelo marido e preocupada com as pesquisas levantadas por eles até então, Evelyn se desespera em salvar Will de alguma maneira, inclinando-se a utilizar um experimento de transferência de consciência para um computador que já havia obtido êxito aplicando num macaco Rhesus.

Funcionando de alguma forma, o procedimento faz com que Caster passasse a expandir sua inteligência se utilizando dos processadores das máquinas e, quando sua consciência “transcende” para a rede mundial, as coisas saem do controle e passam a preocupar um agente da CIA, Buchanan (Cillian Murphy), que vai atrás de Evelyn e seu marido (agora virtual), unindo-se até mesmo com os até então “terroristas” liderados por Bree (Kate Mara), uma antiga estagiária do cientista. Entretanto, a mente de Caster evolui cada vez mais, avançando em pesquisas sobre nanotecnologia e até mesmo em soluções para os problemas que assolam o planeta, pessoas com problemas fisiológicos até então incuráveis saem do novo laboratório podendo andar e enxergar pela primeira vez, mas se tornando reféns da consciência de Caster, que pode comandá-los remotamente. Evelyn se vê diante de um dilema: permanecer ao lado do marido com as lembranças que lhe restam ou impedir de vez com seus avanços cada vez mais irrefreáveis?

 

 

O longa, contudo, carece de boas atuações e um bom desenvolvimento de seu roteiro. Em todo o seu tempo de tela, Johnny Depp aparece aborrecido e mal consegue extrair de si mesmo uma boa atuação, falando arrastado e completamente desprovido de carisma, algo bastante lamentável. Paul Bettany, por outro lado, se esforça em dar credibilidade ao seu personagem e garante uma dose de carisma que faltou em Depp, tomando as rédeas de protagonista. O restante do elenco, que inclui Morgan Freeman, parece estar ali mais pela amizade com o diretor e produtores executivos (o casal Christopher Nolan e Emma Thomas), concedendo o status de super-produção, mas apesar de seu tema deveras interessante, Pfister não consegue desenvolvê-lo e só consegue fazer um sci-fi que em suas entrelinhas tinha muito potencial.

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Crítica 01| “Transcendente: A Revolução, por Carlos Pedroso 

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