Em tempos onde filmes de super-heróis são constantes e acabam trazendo, em maioria, um ótimo retorno para os estúdios e as mais diversas sensações ao público, já estava na hora do Superman voltar às telas e, com “O Homem de Aço“, seu retorno vem no melhor estilo possível e sem medo de se reinventar.
12 DE JULHO NOS CINEMAS
Começando no condenado planeta Krypton, agora recebendo um cuidado especial da parte do design de produção, revelando um belo ecossistema e um detalhamento sem igual quanto aos costumes da sociedade (armas, vestimentas, tecnologia), o cientista Jor-El (Russel Crowe) auxilia sua esposa Lara (Ayelet Zurer) a conceber seu filho de forma natural, uma vez que há muito tempo os kryptonianos nascem de forma controlada por meio de um Códex, predestinados a desempenhar alguma função precisa no futuro. Sem praticamente ter uma salvação para o planeta, os anciãos negligenciam os conselhos do cientista até a chegada repentina do General Zod (Michael Shannon) e sua tropa, tramando um golpe de estado. Crowe se mostra surpreendente no papel de Jor-El, emitindo sua notória sabedoria ao mesmo tempo em que se mostra apto para a pancadaria, já nos envolvendo em sequências de ação fascinantes no planeta à beira de seu colapso. Decidido a salvar seu filho, Jor-El manda o pequeno Kal para um planeta habitado por seres semelhantes aos kryptonianos, revelando à Lara que o recém-nascido poderá ter um futuro promissor lá. Zod, Faora (Antje Traue) e outros soldados chegam a tempo de tentar sabotar os planos do casal, mas acabam sendo condenados à Zona Fantasma. O Zod de Michael Shannon é irredutível, encarnado, abraçando sua causa de modo que nos faz temer caso um dia ele venha a escapar de seu confinamento.
A nave de Kal-El chega em segurança à Terra e, ao contrário do filme de 1978, onde acompanhávamos linearmente o crescimento do garoto, aqui a edição nos joga ao tempo-presente, com Clark Kent (Henry Cavill) salvando operários de uma plataforma petrolífera para em seguida sermos apresentados a vários flashbacks inseridos durante a linha principal da narrativa, introduzindo em cena os pais adotivos de Clark, Martha e Jonathan Kent, muito bem representados por Diane Lane e Kevin Costner, respectivamente, além de muitos momentos do jovem Clark na escola e aos poucos lidando com suas qualidades especiais que, sob a ótica alheia, faz do menino um estranho ou até mesmo uma intervenção da “Divina Providência”.
Ao contrário do que andam falando, acredito que o recurso utilizado não torna o filme cansativo ou quebra o ritmo, pelo contrário, acresce muito mais à humanidade e carisma do futuro super-herói. Clark sofre, tem suas próprias dúvidas e é repreendido na escola como qualquer um, além de ter que lidar com poderes que aos poucos surgem nele devido à radiação solar. Aí se estabelece um ponto muito interessante, enquanto Jor-El acreditava que seu filho seria o equivalente a um deus para os homens, reverenciando-o, Jonathan pensa ao contrário, supondo que nem todos o aceitariam por ser diferente e, se fosse para usar os poderes, que eles fossem voltados a fazer o bem, mas sem interferir no destino ou chamar atenção demais.
Clark/Kal-El, então, parte mundo afora tentando se encontrar e ser aceito, enquanto a jornalista Lois Lane (Amy Adams) vai para o Ártico atrás de uma evidência de vida extraterrestre para escrever mais um audacioso artigo para o Planeta Diário e, no meio de sua descoberta perigosa ela encontra o andarilho Clark e ele salva a sua vida pela primeira vez, estando a bordo de uma nave kryptoniana há muito tempo abandonada. Criada por Jor-El, o cientista se projeta para o filho na nave e conta toda a história de Krypton, o significado do símbolo da casa El e a iminente ameaça de Zod. É chegada a hora então de Clark vestir o traje e partir para o seu primeiro voo, desajeitado no início (algo que funcionou igualmente bem em “O Espetacular Homem-Aranha“), mas logo pegando velocidade e equilíbrio perfeitos. A sequência é, senão, uma das mais lindas e empolgantes, ainda mais auxiliada com a caprichada e muito inspirada trilha musical assinada por Hans Zimmer.
Versátil e quase sempre inovador, Zimmer não se contém e cria as mais variadas atmosferas musicais, e se mostra progressivo quando se trata em expor a ameaça de Zod, usando instrumentos de cordas, sintetizadores e efeitos de distorção, ou a constante evolução de Clark, começando com suaves notas de piano e gradativamente acrescentando instrumentos que acrescem à grandiosidade do super-herói e seus feitos.
Com uma fotografia que se utiliza de recursos como câmera-na-mão, flares e snap zoom, a ação é muito impactante, auxiliada eficientemente com os efeitos visuais, apesar de alguns excessos aqui e ali. Embora tenha sido cogitado filmar em 3D, mas impedido por limitações técnicas devido ao conceito pensado pelo diretor Zack Snyder, a conversão para a tecnologia é boa, mas ainda dispensável.
A chegada do General Zod e seus comparsas é aterradora. Destruindo inúmeras edificações tanto em Smallville quanto em Metrópolis, os vilões kryptonianos, com suas vestimentas espaciais meio ao estilo de H.R. Giger com a armadura de Sauron, esbanjam suas técnicas de luta enquanto Superman tem a vantagem de ter controlado seus poderes, duelando sem cessar com Zod, Faora e sua tropa em lutas muito bem coreografadas. E é no meio de tanta pancadaria, antagonistas quase invencíveis e o destrutivo processo de terraformação que realmente fica no ar a certeza de que um reinício para o Batman (apesar do bilionário sucesso e aclamação da trilogia “O Cavaleiro das Trevas”) e, claro, para o Lanterna Verde, seria necessário para tornar coerente o universo que eles pretendem estabelecer e fazer o tão esperado filme da Liga da Justiça, afinal em “O Homem de Aço” pistas é o que não faltam!
Ao longo deste ano fui me empolgando a cada novidade lançada do filme e, com isso, tratei de ler algumas HQs e, não por menos, assistir aos quatro longas anteriores. Arrisco dizer que o Clark/Kal/Superman de Henry Cavill chega a superar o de Christopher Reeve, por mais carismático que este fosse e o quão heróico se tornou na sua luta pessoal depois do acidente que o deixou tetraplégico. O argumento de Christopher Nolan, do roteirista David S. Goyer e a própria atuação de Cavill tornam o personagem pluridimensional e muito mais interessante, e apesar de não estar pronto para formar a Liga, com o tempo certamente realizará maravilhas nas mãos destes produtores.
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[CRÍTICA] – “O Homem de Aço“ por Gabriel Lisboa
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