CineOrna_CriticaTomorrowland

A década de 1960 certamente foi um período em que a humanidade esperava se lançar para um futuro utópico. Tal pensamento refletia na arquitetura, nas artes, na engenharia, até mesmo no cinema de Jacques Tati, trilhando um promissor caminho para o amanhã. Faltava à humanidade, no entanto, algo que fizesse seus sonhos tomarem forma, deixando o conformismo de lado. Faltava o espírito escapista e otimista que “Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada É Impossível busca encontrar e repassar.

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O garoto Frank Walker (Thomas Robinson) ingressa à Feira Mundial de Nova York de 1964 cheio de vontade para mostrar seu invento particular: um propulsor movido a nitrogênio. Suas roupas, tão interioranas, diferente do perfil executivo e cinzento dos adultos presentes ali, não o intimida: ele vai e apresenta o seu imperfeito experimento para David Nix (Hugh Laurie), um frio cientista que só aceita resultados concretos, reprovando a traquitana do menino. Mas é a filha de Nix, Athena (Raffey Cassidy, ótima), que enxerga potencial em Frank e o convida para um passeio, entregando-lhe um pin e com a condição de não ser visto. E aí chega uma das partes que eu mais gostei: um clima totalmente aventuresco e radical, onde um mero parquinho com uma musiquinha solene se torna algo incrivelmente maior, com uma tecnologia super avançada, pra não dizer um mundo completamente novo. Poderia ter muito mais dessa aventura do Frank, mas somos levados a conhecer o mundo nos dias atuais, não muito esperançoso.

CineOrna | Tomorrowland - FOTO

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Casey Newton (Britt Robertson) quer conhecer as estrelas e, como nerd assumida, faz de tudo para sabotar os planos da NASA em desativar uma estação espacial, noite após noite. Não por menos, seu pai, Ed (Tim McGraw), é um engenheiro da agência e corre o risco de perder o seu emprego. O planeta Terra vai de mal a pior com as constantes notícias de desastres, índices de poluição, guerras – tudo o que for negativo. Quando a missão noturna de Casey é sabotada, levando-a pra delegacia, ela descobre ter em seus pertences o mesmo misterioso pin que Frank recebera há 50 anos, mas com a diferença de ser levada diretamente para aquela terra deslumbrante. Cada vez mais curiosa por essa visão tão vívida, Casey vai a fundo e descobre que vai tomar uma longa e imprevisível jornada. Certifique-se, então, de assistir ao filme na maior tela disponível!

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Tendo um bom currículo lidando com cenas de ação, o diretor Brad Bird sabe aplicar tensão na história sem comprometer o divertimento, e essa boa mistura ocorre na maioria dos casos em “Tomorrowland”. Seja na loja de colecionáveis, delirando e fazendo sofrer qualquer fã de “Star Wars”, como na sequência em que Casey conhece um velho e conformado Frank Walker (George Clooney), resultando num cerco de robôs malvados (ou quase “exterminadores do futuro”), Bird consegue transmitir o impacto de cada apetrecho futurista criado, gerando graça ao mesmo tempo em que demonstra os poderes devastadores das armas. Se isso não é o bastante, ver Athena demonstrar suas habilidades especiais é um show a parte e faz com que a menina seja bem mais interessante do que Frank ou até mesmo Casey, que não desiste nunca, pelo menos.

Se o universo de “Tomorrowland” é bem construído, dando à organização dos Plus Ultra uma origem secular, há um descuido no lado sombrio proposto no roteiro de Damon Lindelof e Brad Bird que, aliás, mais parece que ficou suavizado. O caráter do Governador Nix dificilmente aparenta ser ameaçador, mesmo com as devidas antecipações de seus robôs caçando o trio com intuito letal em todos os lugares por onde passam. Até mesmo a tão aguardada chegada em Tomorrowland demora para acontecer, e quando ocorre, só o seu engenhoso meio é fascinante. A prometida “Terra do Amanhã” atual já chega cansada ao espectador, que recebeu as melhores dose de entretenimento até ali.

CIneOrna | Disney's TOMORROWLANDCasey (Britt Robertson) Ph: Film Frame©Disney 2015 - FOTO

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Contudo, é o positivismo de Casey o grande trunfo da história. Insistindo nas questões sobre um mundo melhor para seus professores de feições cartunescas e que se sentem bem acomodados em reportar um péssimo futuro iminente, a garota sabe que o poder da imaginação ou simplesmente a ideia de enxergar de outra maneira as coisas, os dados, os fatos, é o que faz diferença. Afinal, quando a gente é jovem, dificilmente abraça a derrota. Apenas tenta criar novas maneiras de conseguir aquilo que se quer, e de repente, consegue fazer até melhor.

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