“Antes da Meia-Noite” é o terceiro longa da trilogia iniciada em 1995 com “Antes do Amanhecer“, onde fomos apresentados pela primeira vez ao casal formado pelo americano Jesse (Ethan Hawke)e a francesa Cèline (Julie Delpy), que se conheceram num trem na Europa. A primeira vez que encontramos Jesse, este encontra-se a despedir-se de forma sentida do filho que tem da ex-mulher, enquanto este último parte em direção aos Estados Unidos da América.Seguidamente, somos apresentados a um longo plano sequência onde encontramos Jesse, Céline e as duas filhas, enquanto o casal fala sobre situações cotidianas, relacionadas com a situação profissional de ambos, o futuro das filhas, apresentam alguns dos acontecimentos que marcaram os últimos nove anos,tudo com algum humor e uma enorme química entre Ethan Hawke e Julie Delpy. Jesse e Céline parecem felizes, mas a vida idílica de ambos encontra um certo paralelismo com a Grécia que habitam temporariamente, ou seja, um vulcão de emoções prestes a explodir, algo que promete nem sempre ser agradável de acompanhar.
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Nenhum dos filmes flerta com a realidade como este terceiro. O romantismo parece arrefecido pela rotina do casal. Sim, eles continuam a travar diálogos extensos e cheios de entrosamento e sinceridade, mas havia nos filmes anteriores um quê de ingenuidade. Em Antes da Meia-Noite há uma evolução no tom dessas conversas, que mesmo de comunicação afiada, ou talvez por causa disso, não se abstêm de críticas mútuas e acusações pontuais. Delpy e Hawke oferecem aqui das melhores performances das suas carreias, fazendo coisas absolutamente extraordinárias com momentos tão simples e vulgares. A dinâmica que existe entre si começa a ser passível de constituir a fundamental definição de “química entre dois atores em cinema”. Especialmente neste último episódio, somos capazes de nos rever em todas as suas interações, porque reconhecemos um pouco de nós, neles. Quando amam, parece verdade. Quando discutem, dói. Mas este realismo 
transparente é apenas a demonstração de uma forma máxima de artifício.
 
Além da evolução no tempo, “Antes da Meia-Noite“consegue evoluir também na estrutura. Mantendo o formato clássico que consagrou os dois primeiros filmes (a conversa e os passeios entre o casal central), ele acrescenta elementos novos e bem-vindos: outros casais amigos, outros jovens que encontram o amor pela primeira vez. O novo país visitado é a Grécia, com um horizonte marcado por ruínas – representação da falência do relacionamento entre os protagonistas.Em muitas medidas além de uma apenas, “Antes da Meia-Noite” é uma obra de mestre não só no reconhecimento de um argumento maior e na simplicidade do trabalho de dois atores à frente de uma câmara, mas sobretudo na exploração da condição humana como um todo. É um dos grandes romances da era moderna,e atinge aqui o expoente máximo da sua expressão e significância.
 
Os fãs do amor entre o casal, em especial aqueles que acompanharam o nascimento e desenvolvimento desta história nos dois primeiros filmes, podem ficar com o coração apertado ao ver essa briga sem fim, essas palavras tão duras. Em algum momento, eles têm que mudar de ideia e fazer as pazes, não é? Nada é menos certo. O que poderia ser um baile de dramaticidade e nostalgia (do tipo “Como éramos felizes antes”) cede espaço a mais uma ousadia e inteligência do diretor, que enfrenta a discussão em planos fixos, sem se aproximar dos rostos nem ceder às lágrimas.Antes da Meia-Noite deve surpreender os admiradores da franquia (para aqueles que não viram os dois primeiros fica aqui a dica) Cruel, franco e sem concessões, esse projeto esteticamente simples ousa levantar a bandeira de um amor realista, possível, do tipo que se transforma ao longo dos anos, e que também pode – como um organismo vivo qualquer – definhar e morrer.
 

 
“Antes da Meia-Noite” chega nesta sexta-feira, dia 14 de junho, aos cinemas.
 

Site:

Antes da Meia-Noite

Críticas:

[CRÍTICA] – Antes da Meia-Noite por Maiara Tissi

Promoção

[PROMOÇÃO] – Antes da Meia-Noite

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