Diante de um cenário político caótico e cheio de incertezas, nada mais justo do que encontrar um momento para espairecer através do entretenimento proporcionado pelo cinema. Se a sua ideia de descontração se encaixa nesse molde, pode-se dizer que “Ave, César!” (“Hail, Caesar!“) é uma excelente pedida – ainda mais na conjuntura de polarização entre petralhas e coxinhas que só os brasileiros vêm enfrentando nos últimos tempos.
Com muita astúcia, os irmãos Ethan e Joel Coen (que também assinam o roteiro) reúnem um elenco de alto padrão para satirizar a indústria cinematográfica dos anos 1950 e as polêmicas que a rondaram tal época. Josh Brolin interpreta Edward Mannix, diretor executivo de um grande estúdio em Hollywood denominado Capitol Pictures, que congrega vários astros consagrados e as (os) em ascensão, sob o comando do misterioso Sr. Schenck. Certo dia, em meio as gravações do longa “Ave, César”, o famoso ator Baird Whitlock (George Clooney), depois de ser dopado, é sequestrado por misteriosos participantes de uma organização que diz ser o “Futuro”. Entre uma conversa e outra sobre materialismo histórico e economia, Whitlock descobre, finalmente, quem seriam os bandidos.
O cenário do pós guerra e o discurso anti comunista casam-se perfeitamente com as ironias empreendidas pelos diretores e roteiristas. Não bastasse isso, são retratados os estereótipos de atores que tanto fizeram sucesso na época: a atriz que porta o padrão inatingível de feminilidade e docilidade, mas que, na verdade, quer mais é que tudo se exploda (Scarlett Johansson); o caubói desajeitado que estrela filmes Westerns com poucas falas (Alden Ehrenreich); o ator multitalentoso de grande ego que participa das megaproduções musicais (Channing Tatum); o diretor interpretado por Ralph Fiennes – que faz questão de coordenar somente intensos dramas de teor enigmático… E isso só para mencionar alguns, pois integram o longa, ainda, Tilda Swinton, Jonah Hill, Christopher Lambert, Frances McDormand entre outros.
A verdade é que “Ave, Cesar!” é uma mistureba de múltiplos personagens pouco explorados que dá certo. Até o cachorrinho Engels não faz por menos e agrega valor à produção!
Só lamentei pela duração do filme (1 hora e 40 minutos), pois poderia me estender por muito mais tempo na poltrona diante de tantas risadas. Para quem se entreteve com o recente vídeo “Reunião de emergência, a delação 2”, do canal do YouTube “Porta dos Fundos”, as críticas tecidas no novo filme dos irmãos Coen serão muito bem recepcionadas.
Saiba mais sobre o filme:
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