Vingança. “O Regresso” (“The Revenant“) chega aos cinemas brasileiros sendo mais conhecido pelo burburinho acerca da possível chance de Leonardo DiCaprio finalmente levar a estatueta do Oscar por sua atuação no longa como ator principal. Entretanto, a despeito disso, a proposta do filme dirigido por Alejandro González Iñárritu (que também assina o roteiro juntamente com Mark L. Smith) deve ser entendida como a essência do instinto de sobrevivência mesclada com o desejo de um homem de se vingar pela perda de sua família.

Situado na década de 1820, o filme traz a história de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio), um experiente explorador em missão para o Oeste dos Estados Unidos que, junto de seus companheiros, intenta caçar animais para comerciar posteriormente as suas peles. Após ser atacado brutalmente por um urso, Glass é deixado para trás para ser cuidado por um dos integrantes da missão, John Fitzgerald (Tom Hardy), quem acaba por matar seu único filho, levando Glass a voltar todas as suas chances de sobreviver a graves ferimentos para se vingar do homem que tirou grande parte de sua humanidade.

Em cada cena do filme – baseado no romance homônimo de Michael Punke, que se inspirou na história verídica de Hugh Glass -, vemos a poesia cruel que há nessa perseguição incessante de Glass em concretizar seu desejo visceral de vingança, mas, sobretudo, vemos uma pessoa que busca ulteriormente encontrar um pouco de paz, seja pela lembrança do semblante e da voz de sua falecida esposa, cuja morte também muito teve a ver com os entraves das expedições, seja por sua relação com a natureza e com os povos nativo americanos.

De fato, “O Regresso” é marcado por grandes atuações, porém a primazia do filme está no trabalho engajado da produção como um todo, mostrando uma belíssima fotografia com paisagens de tirar o fôlego, e um empenho absurdo para retratar da maneira mais real possível os resultados físicos do sofrimento humano (vocês realmente sairão aplaudindo a equipe de maquiagem). São 156 minutos bem desenvolvidos, com muitas tensões e angústias para ofertar ao espectador.

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