Em 2009, “Star Trek” (ou “Jornada nas Estrelas” para os mais tradicionalistas) foi resgatada com sucesso na telona pelo cineasta J.J. Abrams depois de alguns anos no limbo, ganhando um proverbial banho de loja, voltando com uma roupagem mais moderna e sexy, mas sem descaracterizar os personagens clássicos que deram uma vida longa e próspera à franquia nas mais diversas mídias. J.J.Abrams conseguiu! O diretor de “Star Trek” provou novamente ser o cara certo para comandar essa franquia nos cinemas. Para aquele fã ‘exigente’ e ‘radical’ de “Jornada nas Estrelas”, que se mantém totalmente fiel aos costumes antigos, posso dizer que J.J Abrams – que agradou no primeiro longa – não decepciona no segundo.
Mantendo a mesma equipe do longa original, mas trazendo Damon Lindelof (“Lost” e “Prometheus”) para a sala dos roteiristas, o filme não se preocupa em reapresentar os conceitos daquele universo e as características de cada personagem, apenas pincelando uma hora ou outra, o que permite o desenvolvimento de um ótimo arco com os velhos e novos personagens durante as 2 horas e 10 minutos de filme. Se, no primeiro, o diretor introduziu personagens famosos da série, optando por contar de onde eles vieram e como se tornaram cadetes, até virarem heróis, neste, J.J. esmiúça como as relações de respeito, amizade e carinho entre eles foram pavimentadas. O diretor usa o passado para criar algo novo. Presta uma grande homenagem à série, aos filmes e aos personagens. Se já tinha adiantado isso em relação a Kirk e companhia, ele agora causa impressão com outro ícone da franquia, o vilão Khan, o mais famoso de “Jornada nas Estrelas”, que ganhou uma roupagem completamente diferente na ótima interpretação de Benedict Cumberbatch.
Um grande mérito é que o novo filme faz exatamente o que a série sempre fez: usar um cenário futurista para fazer um comentário contemporâneo sobre algum tema em alta na sociedade – no caso, o terrorismo; suas causas e consequências; a legitimidade, ou não, de se criar uma guerra com o objetivo de eliminar uma ameaça futura; a necessidade bélica do ser humano; os limites do militarismo; e os que servem à guerra ao terror. “Além da Escuridão: Star Trek” apresenta alguns conflitos morais complexos, como os bons roteiros de “Star Trek” sempre fizeram. Um dos questionamentos parte de uma intenção de se matar um homem sem um julgamento justo, sob a alegação de que ele é terrorista. O filme é, em última instância, uma alegoria transparente de uma reação desproporcional contra um ato de terror. Bem de acordo com as crenças de Gene Roddenberry, a narrativa se concentra nos valores humanos e no papel do indivíduo dentro da sociedade. E, mesmo com tudo de espinhoso que o filme retrata, a visão otimista de Roddenberry está presente.
A fantasia e os efeitos visuais utilizados nos alienígenas mostram o por que “Star Trek”, de 2009, conseguiu ganhar o Oscar de Melhor Maquiagem e é passível de voltar a acontecer, pois é algo fenomenal, sem sombra de dúvidas. “Além da Escuridão: Star Trek” consegue ser melhor que o primeiro, principalmente para os fãs de longa data. Se você não é um deles, não se preocupe, pois existem elementos para agradar também aos que desconhecem a série. Com a meia hora final, que faz o espectador passar por uma montanha russa de emoções, recheado de sequências de tirar o fôlego e de emocionar, J. J. Abrams se firma como um dos melhores diretores de blockbusters de entretenimento da atualidade, mostrando que soube absorver as melhores características de Steven Spielberg e George Lucas, além de acrescentar o seu próprio estilo. Para fechar, é impossível não ficar animado com os ganchos deixados para o terceiro filme e com a rápida, porém impactante, aparição de Leonard Nimoy, o Spock original. “Além da Escuridão: Star Trek” é uma linda odisseia no espaço para toda a família, onde aquele que não é fã da série terá a chance de ter entretenimento empolgante, tornando-se um verdadeiro Trekker no fim.
“Além da Escuridão: Star Trek” tem lançamento oficial no Brasil marcado para 14 de junho.
