Sequências de filmes moderadamente bem sucedidos sempre deixam o espectador na expectativa de serem surpreendidos. “Kick-Ass”, quando fora lançado em meados de 2010, instantaneamente, transformou-se numa pérola pop; isso, claro, graças à condução perspicaz e o controle narrativo do brilhante Matthew Vaughn, que volta à seqüência – para o desespero dos fãs – apenas como produtor, deixando o trabalho sujo nas mãos do limitado Jeff Wadlow, diretor cujo currículo se resume em reciclar idéias alheias na tentativa de conseguir algum prestígio como lucro.
Em “Kick-Ass 2” as desventuras heroicas de Hit Girl e Kick Ass ganham um contorno mais denso. A realidade de suas vidas particulares encontra a conseqüência de seus atos em trajes mascarados e coloridos, desdobrando uma série de questionamentos morais quanto à validade dos super heróis. Além disso, serve, também, como um prato cheio para um estudo coming-of-age, à custa dos dilemas de Chloë Moretz, em aceitar a normalidade da vida de uma adolescente americana – no melhor estilo “Meninas Malvadas” – e também arcar com o legado deixado por seu pai, que no fundo é apenas um pretexto usado por ela para se travestir de Hit Girl. Com base nos elementos utilizados por Vaughn na transformação de Kick Ass em um (anti) herói emblemático, seguido por reles mortais que desejam, com brutal ingenuidade, apenas fazer o bem, o filme de Jeff Wadlow peca principalmente por tergiversar o sentimentalismo embutido nos rostos juvenis de Aaron Johnson e Chloë Moretz numa brusca e desnecessária violência, não condizente com a intenção (real) do filme, que se por um lado ajuda a contrastar com a inocência particular dos personagens, por outro é explorado por uma mão desleixada e completamente errônea de Wadlow em não utilizar essas variações a seu favor. O peso de manter-se fiel a trama do primeiro longa faz com que o diretor abuse das piadinhas populares – sobrando até mesmo para Justin Bieber -, que acabam por denunciar a falta de sensibilidade e o descontrole do realizador quanto aos personagens e, especialmente, quanto ao bom senso do espectador.
Não mais que um prazer culposo, – graças ao elenco -, “Kick-Ass 2” vem na mesma onda de sequências que se querem ser espertas e ao mesmo tempo carregadas de seriedade, mas que não compreendem os (pequenos) detalhes no desenvolvimento narrativo de uma trama harmônica. De um Jim Carrey apático e pouco aproveitado a uma despretensão manipulativa, o longa de Wadlow funciona somente ao transcender a naturalidade de seus personagens num contexto realista; ou quando não está tentando ser-alguma-coisa (que nem mesmo o diretor sabe exatamente o que é).
Mais informações:
CRÍTICA 01 | “Kick-Ass 2“ por Gabriel Lisboa
CRÍTICA 02 | “Kick-Ass 2“ por Isabele Orengo
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