O segundo filme da franquia “Kick Ass 2”, da Universal Pictures, traz para a história o dilema vida real/ideal, um dilema de busca de identidade. Kick Ass gerou uma febre de novos heróis, ou pessoas mascaradas que dizem combater o crime com as próprias mãos. Porém, em meio a tantos disfarces, quem são os verdadeiros heróis? Todos nós? Só os mascarados? E depois de derrotado o vilão, o que nos resta?

Sob o peso da promessa feita ao pai pouco antes deste morrer, Mandy (Chloë Grace) continua a proteger a cidade sob o disfarce de Hit Girl, enquanto treina Dave (Aaron Taylor-Johnson), Kick Ass, para que se torne um herói de verdade. Ela procura nele um companheiro para preencher o vazio do pai falecido, ele procura nela uma amiga, parceira de justiça. Porém esse relacionamento é posto em cheque quando eles são descobertos pelo guardião da garota, que por acaso é policial. Sozinhos, perdidos e querendo se encontrar, buscam encaixar-se nos grupos aos quais acham se adequar melhor. Mandy se enturma com as líderes de torcida enquanto Dave segue em busca de justiça juntamente com outros heróis anônimos (entre eles, Jim Carrey, como Coronel Estrelas e Listras).

Em meio a outros vários heróis recém surgidos – entenda-se pessoas usando máscaras e capas lutando corpo a corpo contra bandidos – há uma tentativa de exaltar o heroísmo paterno como sendo o mais valioso e importante de todos. O pai de Dave entrega-se a polícia para proteger o filho e acaba morrendo. O pai de Mandy, mesmo após seu falecimento, continua como um exemplo de conduta para a filha. Porém isso fica meio em segundo plano quando todos os nerds de Nova York, até então escondidos atrás de seus computadores, juntam-se para lutar contra o rico vilão Mothafucker. Assim, todos são heróis, ao mesmo tempo em que ninguém realmente foi.

Outra questão bastante notável é a construção dos diálogos, muito bem realizada. As falas fluem de uma maneira muito natural e estão cheias de referências nerds, além disso a boa interpretação dos atores e a boa estruturação dos personagens facilita bastante. Ainda da parte técnica, vale a pena ressaltar a fotografia, com enquadramentos que remetem às HQs, e as cores, com forte contraste, além de serem bem chamativas e vivas, com muito uso de vermelho, amarelo, verde e roxo.

Este é um filme que vai além do simples fato de haver um grupo de adolescentes reprimidos, mas nem tanto assim, que percebe a injustiça ao seu redor e tenta fazer o possível para corrigir isso com suas próprias mãos. Trabalhando relações familiares, questões de sociedade versus indivíduo, dever e querer, crise de identidade, entre muitos outros fatores, o filme trata de temas universais, encerrando um ciclo de acontecimentos já previsível no início do filme, fazendo-se provar que todos podem ser heróis, o que o torna especial não é a máscara, mas suas atitudes. E não necessariamente a luta contra um determinado personagem que se autodenomina alguém maléfico.

 

 

Vale a pena assistir. Se não pelo tema de justiça anônima, pela diversão. Uma história bem construída, com forte poder de identificação, um filme universal, para toda a família!

 

Mais informações:

CRÍTICA 01 | “Kick-Ass 2 por Gabriel Lisboa

CRÍTICA 03 | “Kick-Ass 2 por Carlos Pedroso

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