Pra começo de conversa, o que mais chama atenção nesse “Sem Dor, Sem Ganho” nem é o fato do filme ser inspirado em fatos reais, o que já é um grande choque, levando em conta os eventos que se desenrolam na história, mas sim ver a potencialidade de tal conteúdo cinematográfico servindo de prato cheio pro cinema histérico e descontrolado de ação e humor de Michael Bay.

 

Sem Dor, Sem Ganho” relata as desventuras criminosas de Daniel Lugo (interpretação excepcional de Mark Wahlberg), um personal trainer, cujo “sonho americano” é exclusivamente ter um corpo escultural e obter dinheiro fácil, que, numa espécie de vingança hipócrita ao capitalismo americano, da sobreposição da classe rica em relação à classe pobre, – ou no caso, dos “super homens” de academia -, convoca dois anabolizantes ambulantes (Anthony Mackie e Dwayne “The Rock” Johnson) pra execução de um plano robin hoodiano, completamente mirabolante e desastrado (grande ironia, se tratando de um filme de Michael Bay), onde roubam toda a fortuna de um ex cliente de Lugo, um ricaço metido a besta (Tony Shalhoub), que eles vêem como indigno de toda a grana que tem.

 

Ao trazer consigo uma massiva carga de seriedade, que se observa na busca de identidade estética que Bay tenta criar nos inúmeros slow motions e na violência gratuita, “Sem Dor, Sem Ganho” se assemelha muito à proposta de “Drive”, obra prima de Nicolas Winding Refn, onde o realismo de cenas violentas funciona como objeto narrativo para a atmosfera dos personagens, porém, que aqui acabam servindo apenas de um adorno visual plastificado, sempre se seqüenciando desnecessariamente de um humor pastel hollywoodiano, que é unicamente crível nos esquetes onde Rebel Wilson rouba a cena.

 

 

Tendo em vista o teor político e a clara crítica social que a trama tem a levantar sobre a imagem do americano, e do próprio “american dream”, diria, particularmente, que não teria melhor diretor que Oliver Stone – se redimindo por seu último trabalho, “Selvagens” de 2012 – pra dramatizar a situação com coesão suficiente no melhor que seu cinema estético e esquerdista tem a oferecer. Nas mãos de Michael Bay, infelizmente, a única interrogação que se levanta sobre o filme é: que diabos tinham em mente os produtores quando o escolheram pra assumir a direção de tal projeto?

 

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Sem Dor, Sem Ganho

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