Serei sincero. Não gosto de “Thor” e não consegui mudar de opinião ao ver “Thor: O Mundo Sombrio“. E essa situação agrava-se ainda mais ao perceber que não posso escrever sobre a trilha sonora de “Thor: O Mundo Sombrio” por não ter nada que me chame a atenção aos ouvidos.

 

Para não parecer tão apocalíptico assim, consegui sim, em uma única cena, perceber a trilha do filme. Não posso contar o que realmente acontece para não ser um spoiler, mas posso dizer que envolve o ponto chave de uma das personagens que mais me chamou a atenção e me fez pensar “Wow! Não sabia que ela era tão foda assim!”. Estou falando da mãe de Thor, também conhecida como Frigga e interpretada por Rene Russo.

A cena em questão é linda e a música que a embala entra no mesmo nível. Mas além de me fazer perceber a trilha sonora, esse momento em questão também me levou a outras associações que gostaria de relatar aqui e que explicam talvez muito dos objetivos que o roteiro desse filme tenta atingir. 

Thor: O Mundo Sombrio” é completamente diferente do primeiro filme por, principalmente, explorar a cultura de Asgard. São pouquíssimas cenas em que vemos o nosso mundo na telona e, claro, quando ele aparece é só para ser destruído ou para mostrar Natalie Portman. Esse excesso de cultura asgardiana, para mim, lembrou algo bastante presente principalmente no último ano no mundo do entretenimento.

Conheço pouco e talvez nunca verei com afinco por não me interessar por esse universo, mas o novo filme de Thor me trouxe o famoso seriado (derivado do livro) “Game of Thrones” na cabeça. Pelo pouco que conheço, senti uma identidade medieval ao ver figurinos, estilo de luta e outras representações bastante icônicas em Asgard. Por mais distante que seja do nosso planeta, as concepções criativas acabaram se encontrando nessa sequência de Thor. 

Foram poucos minutos de trilha que realmente me chamaram a atenção, mas o pouco tempo foi suficiente para traçar essa ponte entre os dois mundos. E ao analisar com calma a abertura do seriado “Game of Thrones“, fico surpreso ao perceber como ele consegue sintetizar muito de como é o ritmo de “Thor: O Mundo Sombrio” e como, também, não estamos distantes de casa durante o filme. 

As cores, os elementos gráficos e engenhocas diferentes são apenas alguns dos elementos que “Thor: O Mundo Sombrio” tem em comum com “Game of Thrones“. A principal relação, claro, não deixa de ser a música. Instrumental e constante durante todo o filme para acompanhar os momentos de batalha, de suspense e de emoção, a trilha também tem a função de criar essa relação do mundo asgardiano com o nosso. Talvez com um objetivo único de fazer com que a gente estabeleça vínculos para não nos sentirmos longe de nossa cultura e consequentemente adotarmos Thor como um humano que merece nossa compaixão independente do quão distante o filme possa ser daqui.

Esse é o jogo que somos convidados a jogar ao assistir “Thor: O Mundo Sombrio“. Um jogo que, confesso, coloca a nossa inteligência em xeque. Não por ser um jogo bem pensado e astuto, mas justamente o contrário. É uma daquelas mensagens que se parecem com merchandising em novelas brasileiras. Nos chama de burro por ter medo que a gente não entenda claramente.

 

 

Alguém aí viu “Árvore da Vida“? Achei o filme uma obra de arte (visualmente falando) e também gostei de algumas linhas de raciocínio lá existentes. Mas é como se fosse uma arte preparada e enlatada para consumo. Deixa as interpretações tão fáceis de serem feitas que perde a graça. Thor caminha por esse mesmo recurso; tem medo de contar sua história fora do mundo terreno por achar que a gente precise constantemente das nossas referências cotidianas. Está longe de criar, por exemplo, uma língua própria no estilo “Star Wars” e “Star Trek” de ser.

 

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