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Os textos que costumam sair em tempos de filme novo do M. Night Shyamalan são sempre voltados pro fato de o diretor de “O Sexto Sentido“, supostamente, nunca mais ter acertado a fórmula que o levou a notoriedade cinematográfica. Poucos são os críticos que de fato se propuseram a estudar um dos mais criativos diretores contemporâneos dos Estados Unidos. A riqueza em detalhes e profundidade sobre a cultura americana por de trás da obra de Shyamalan quase sempre é substituída por uma leitura rasa de elementos de cinema de gênero e seu fracasso comercial. “A Visita“, sua mais recente obra prima, não apenas levantou a moral dele pelo sucesso inesperado em bilheteria, como também deixou evidente que Shyamalan (assim como Spielberg) está em sua fase mais prolífica e criativa.

Poster

A Visita” segue uma premissa bastante conhecida do cinema autoral e independente do final dos anos 90 (por exemplo “A Bruxa de Blair“), que se saturou ao decorrer dos anos 2000 com os mockumentaries/found footage films. Entretanto, em  “A Visita“, o diretor abraça as diversas características que esse tipo de cinema pode proporcionar pra construção de uma catarse narrativa anticlimática -e isso se evidencia pela brincadeira com o humor e o suspense ao decorrer de toda a trama- ao criar uma espécie de auto ironia com recursos de um cinema que ele mesmo ajudou a conceber. Aliás, o grande trunfo de Shyamalan é que ele não precisa de muita coisa pra ser esperto. A trama é basicamente a história de duas crianças que decidem conhecerem seus avós maternos e registrar tudo isso com uma câmera (!) no estilo investigativo universitário mais clichê possível.

CineOrna | A Visita - FOTO

CineOrna | A Visita - FOTO

Logo no início de  “A Visita“, somos apresentados a um enredo familiar bastante complexo, que Shyamalan faz questão de apenas nos inserir nele, sem dar pistas do que pode se suceder ou ter sucedido através dali. Acompanhamos, então, a rotina e as relações de uma semana desses dois personagens com esses idosos numa pacata cidade do interior. Nesse contexto, Shyamalan abre um parêntesis bastante singelo ao perpetuar a distância física e virtual que existe entre as famílias. O Skype, o YouTube, elementos da cultura pop, os aparatos tecnológicos e a câmera registrando tudo é parte dessa ideia de contradição entre a distância e a aproximação entre indivíduos de gerações específicas. E muito desse sentimento se deve a genialidade de Shyamalan em criar momentos introspectivos para o desenvolvimento daqueles personagens, em sua relação com o público e a câmera, que evidenciam uma característica nada dimensional, como costumeiramente se fazem as produções que buscam meramente o susto e piadas fáceis. Num filme de Shyamalan há sempre um por que para um personagem olhar para a câmera, citar Tyler, The Creator, ou se revelar diante de uma situação fraterna.

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